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  • O BRASIL EH O QUE ME ENVENENA MAS EH O QUE ME CURA (LUIZ ANTONIO SIMAS)

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    Fragmentos de textos e imagens catadas nesta tela, capturadas desta web, varridas de jornais, revistas, livros, sons, filtradas pelos olhos e ouvidos e escorrendo pelos dedos para serem derramadas sobre as teclas... e viverem eterna e instanta neamente num logradouro digital. Desagua douro de pensa mentos.


    segunda-feira, setembro 18, 2006

    Domingo


    Voltei do aeroporto num onibus desses frescões
    num trajeto tortuoso, abri os olhos e estava em São Cristóvão,
    beirei favelas, complexos de alemão, fui por dentro ao invés de via aterros,
    cenas passando na janela por hora e meia e era domingo sem transito,
    imaginei o tempo passado ali num dia de trabalho engarraado.

    O Centro da cidade num domingo à noite era ruas transversais desertas.
    Não havia gente naqueles trechos que usualmente estão um compacto de pessoas,
    a gritaria dos seres correndo, o movimento agitado dos centristas,
    seres que habitam o coração economico do Rio e que agora desapareceram.
    Volatizados?
    O Centro do Rio num domingo à noite parece os filmes onde caiu uma bomba fantástica ou outra hecatombe imaginária e morreu todo mundo.
    Ficam a cidade deserta, os prédios monumentos ao vazio, as calçadas de silêncio.

    O efeito pos-apocaliptico é realçado pela quantidade de papeis e detritos jogados pelas ruas.
    Aqui e ali, esparsos, moradores de rua (saindo de que tocas onde se ocultaram durante o dia?) agachados em círculos de sombras,
    em suas camas de papelão,
    alguns acendem fogueiras de caixotes
    para se ajuntarem em torno, espectros em cobertores ralos e farrapos.

    No filme passando na janela do frescão são os poucos sobeviventes neste Centrão de domingo à noite.

    Qu' estranho. Gostaria de vagar por essas ruas de silêncio e sombras mas temeria ser estilhaçado por vagas de mutantes humanóides famintos, o rebotalho do apocalipse social que explode pelo centro de nossos tempos.

    Segui no onibus para a glória, vendo prostitutas e travestis com bundas e peitos de fora na balaustrada de pedro nava.

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