Mille et un jours - Frederic Laffont (França, 2003) ****
Sheherazade, capturada pelo califa, contou histórias
uma a cada noite
e assim foi aprendendo a não ter medo do dia seguinte.
Um correspondente de guerra, em meio à insanidade do conflito israelenses-palestinos, conta histórias, para também não ficar insano, para não temer o dia seguinte, para manter sua capacidade de se enternecer.
Sao historias de seres humanos ilustradas por sua câmera no ombro e por fotografias de guerra.
Tecendo essas teias como numa fábula oriental narrada numa voz onírica
porém com imagens gráficas de violência e morte e sangue e entranhas.
Pedras contra tanques.
Oliveiras derrubadas no deserto.
Adolescente sai para dançar e explode.
Não há partidarismo nessa fábula. Os dramas dos palestinos surgem no mesmo tom que os dos israelenses. O ponto de vista é o da humanidade. É o da compaixão.
E em termos cinematográficos embarcamos numa viagem extraordinariamente bela e bem realizada.
Mil e Um Dias é o melhor filme visto até agora neste Festival do Rio 2004.