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  • O BRASIL EH O QUE ME ENVENENA MAS EH O QUE ME CURA (LUIZ ANTONIO SIMAS)

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    Fragmentos de textos e imagens catadas nesta tela, capturadas desta web, varridas de jornais, revistas, livros, sons, filtradas pelos olhos e ouvidos e escorrendo pelos dedos para serem derramadas sobre as teclas... e viverem eterna e instanta neamente num logradouro digital. Desagua douro de pensa mentos.


    quarta-feira, julho 07, 2004



    COMENTÁRIOS QUE ACABAM VIRANDO POSTS

    Curiosamente, meu bairro fica no meio de 5 favelas. É terra de ninguém, onde dificilmente a polícia entra. Eu não teria o que fazer lá, a menos que estivesse pensando em suicídio.

    Só uma coisa me deixou com uma curiosidade imensa: um assentamento do MST produtivo, exportando sua produção e gerando empregos e renda. Me deêm o endereço de unzinho só.


    - Malkhut


    Refere-se a este post


    Olha, vou aproveitar pra escrever sobre isso.

    A imagem que a maioria das pessoas tem do MST é a da estridência de líderes radicais
    e invasões atabalhoadas de setores mais exaltados
    alem do que a grande imprensa, sempre distante do povo e apegada à elite, projeta.

    É preciso ir ao MST, aos seus locais, para perceber realmente o MST.

    Todo movimento revolucionário é assim.
    Uma coisa são os líderes.
    Outro o povo que participa.

    Uma coisa é o Stédile anunciando abris vermelhos e o Rainha de cetro tacanho
    e os discursos e as invasoes descerimoniosas e destruitivas de eventuais locais produtivos
    Outra coisa é a transformacao que o MST opera na vida de pessoas que se ligam a ela
    Vindas do nada, pois as pessoas eram nadas, e sendo algo, e tendo algo que é seu.

    Vivenciei pessoalmente acampamentos de sem-terra, assentamentos de agora-com-terra, e posso testemunhar que a história disso ser um movimento de baderneiros, aproveitadores, de onde não sai nada produtivo é um mito.
    É preciso ver a que mitologia interessa essa mistificação.
    Posso discerrar dezenas de historias extremamente comoventes se passando com essa gente.

    Postular por ler nos jornais ou de ouvir dizer é uma coisa
    Ir lá e ver/viver de perto é outra.
    Por baixo da superfície revolta dos gritos e palavras de ordem derrubando cercas e bom sensos
    há um trabalho organizado e comunitário de conscientização vertendo farrapos famélicos em seres humanos orgulhosos e felizes.
    De pessoas se ajudando, de uma coletividade e comunhão,
    onde se ensina e se aplica metodos de (ao contrario do mito) produção máxima da terra
    onde crianças destinada às metropoles como meninos de rua
    viram garotos da terra indo às escolas comunitárias e ajudando suas famílias.
    E ambulatorios costurando os mulambos.
    E os adultos aprendendo a ler e a serem artesões e se juntando em corais e grupos musicais.

    O Brasil é que é um país de merda e ao contrario do mundo sensato nunca fez sua reforma agrária e nunca fixou sua gente ao chão, à terra, todo mundo fica solto no ar, nem quando libertaram os escravos, os negros foram soltos, soltos para vagar soltos, sem rumo sem prumo.
    E esse povo não sabe mais o que é chão, o que é terra, perdeu as referencias físicas e as culturais e as referencias do que seja humanidade. Viraram bichos. Feras. Enjauladas nas cidades.
    Mas tem uns poucos que ainda tentam olhar nos olhos do próximo.
    E entre os poucos que sobraram nesta nação carcomida tem muitos que são do MST.

    Então não me venham com essa historia de sem-terra improdutivos, sem sentido, ultrapassados.
    Mesmo que os experimentos coletivos dos assentamentos não fossem fábricas de farturas agrícolas
    está lá a sua verdadeira produção:
    produzem consciência, solidariedade, aprendizado e produzem esperança.

    Artigos que andam muito em falta nesta terra e por estes asfaltos.

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