COMENTÁRIOS QUE ACABAM VIRANDO POSTS
Curiosamente, meu bairro fica no meio de 5 favelas. É terra de ninguém, onde dificilmente a polícia entra. Eu não teria o que fazer lá, a menos que estivesse pensando em suicídio.
Só uma coisa me deixou com uma curiosidade imensa: um assentamento do MST produtivo, exportando sua produção e gerando empregos e renda. Me deêm o endereço de unzinho só.
Refere-se a este post
Olha, vou aproveitar pra escrever sobre isso.
A imagem que a maioria das pessoas tem do MST é a da estridência de líderes radicais
e invasões atabalhoadas de setores mais exaltados
alem do que a grande imprensa, sempre distante do povo e apegada à elite, projeta.
É preciso ir ao MST, aos seus locais, para perceber realmente o MST.
Todo movimento revolucionário é assim.
Uma coisa são os líderes.
Outro o povo que participa.
Uma coisa é o Stédile anunciando abris vermelhos e o Rainha de cetro tacanho
e os discursos e as invasoes descerimoniosas e destruitivas de eventuais locais produtivos
Outra coisa é a transformacao que o MST opera na vida de pessoas que se ligam a ela
Vindas do nada, pois as pessoas eram nadas, e sendo algo, e tendo algo que é seu.
Vivenciei pessoalmente acampamentos de sem-terra, assentamentos de agora-com-terra, e posso testemunhar que a história disso ser um movimento de baderneiros, aproveitadores, de onde não sai nada produtivo é um mito.
É preciso ver a que mitologia interessa essa mistificação.
Posso discerrar dezenas de historias extremamente comoventes se passando com essa gente.
Postular por ler nos jornais ou de ouvir dizer é uma coisa
Ir lá e ver/viver de perto é outra.
Por baixo da superfície revolta dos gritos e palavras de ordem derrubando cercas e bom sensos
há um trabalho organizado e comunitário de conscientização vertendo farrapos famélicos em seres humanos orgulhosos e felizes.
De pessoas se ajudando, de uma coletividade e comunhão,
onde se ensina e se aplica metodos de (ao contrario do mito) produção máxima da terra
onde crianças destinada às metropoles como meninos de rua
viram garotos da terra indo às escolas comunitárias e ajudando suas famílias.
E ambulatorios costurando os mulambos.
E os adultos aprendendo a ler e a serem artesões e se juntando em corais e grupos musicais.
O Brasil é que é um país de merda e ao contrario do mundo sensato nunca fez sua reforma agrária e nunca fixou sua gente ao chão, à terra, todo mundo fica solto no ar, nem quando libertaram os escravos, os negros foram soltos, soltos para vagar soltos, sem rumo sem prumo.
E esse povo não sabe mais o que é chão, o que é terra, perdeu as referencias físicas e as culturais e as referencias do que seja humanidade. Viraram bichos. Feras. Enjauladas nas cidades.
Mas tem uns poucos que ainda tentam olhar nos olhos do próximo.
E entre os poucos que sobraram nesta nação carcomida tem muitos que são do MST.
Então não me venham com essa historia de sem-terra improdutivos, sem sentido, ultrapassados.
Mesmo que os experimentos coletivos dos assentamentos não fossem fábricas de farturas agrícolas
está lá a sua verdadeira produção:
produzem consciência, solidariedade, aprendizado e produzem esperança.
Artigos que andam muito em falta nesta terra e por estes asfaltos.