MUSING OVER MUSES
O ano passado foi o ano da Invasão.
A musa da Guerra do Iraque era a simplória e corajosa Jessica Lynch
a garota boazinha que toda mãe queria como nora
a mocinha do interior que mesmo cercada e derrubada pelos bárbaros
lutou até o fim (pelo menos estava escrito isto em sua embalagem de musa).
Os EUA transmitiam sua imagem de libertadores, portadores da democracia, derrubando estátuas de Saddam e tiranias terríveis.
Este é o ano da Ocupação.
A musa da Guerra do Iraque é a espevitada Lyndddie England
a garota da pá virada que gosta de um caralho
achando graça nas pilhas de iraquianos peladões
transando com o namorado na frente de prisioneiros.
O mundo espelha a imagem de um invasor violento, neurótico, dominante sobre outra civilização que considera incivilizada e abarcando ganhos & lucros ao preço da destruição de um país.
Entre as duas musas, oscila a dicotomia da psique americana.
adendo um
me sinto um nabokoviano tecendo jogos de palavras em outras línguas
mas o título do post funciona mesmo em ingles.
Quer dizer talvez "Refletindo Acêrca de Musas". Desculpem.
adendo dois
Na dualidade proposta pelo post acima
dividi a Guerra do Iraque em duas fases, a invasão e agora a ocupação.
Tropas entravam triunfantes em Bagdá ante a fuga bagunçada das hostes inimigas
E tropas acuadas em Bagdá sitiados por resistentes fanáticos e um povo irado (todos mal-agradecidos, né).
Mas houve uma terceira fase, inicial, a da Preparação.
O deslocamento gradual de tropas para as fronteiras, a infiltraçãode agentes no Iraque, a propaganda das armas de destruição em massa e das maldades de Hussein, a lavagem cerebral dos americanos pós 9-11.
A musa desta fase talvez seja Condoleeza Rice, a bisneta do Uncle Tom.