EMBRULHADO PRA PRESENTE
A captura do Saddam - e nessas circunstâncias - agitou a Internet não só com a veiculação de notícias a respeito mas também com uma de suas caracteristicas mais interessantes: a formulação de conjecturas e teorias.
A mais recorrente é a de que aquele nao era o verdadeiro Hussein. Os americanos capturaram um dos vários sósias de Saddam e depois não quiseram reconhecer o erro. Ou então teriam deliberadamente armado uma farsa com um sósia pra alardearem sua captura em tempo pro Natal. Tendo, antes, avacalhado com a figura do ex-ditador pra esculhambar com sua imagem.
(Seria por isso que ele aparecia tão desnorteado? Não estaria muito certo em como desempenhar seu papel?)
Alias, sobre isto, corre informação de que a desorientação seria resultado de um ataque por gas paralisante ou algo que afetasse sua capacidade neural, atirado no buraco antes das tropas americanas entrarem...
E sustentam com provas e fotos - nenhumas comprovaveis mas tambem nao desmentiveis - de passaros caidos mortos em volta do esconderijo sadâmico.
Outras teorias são mais elaboradas e detalhistas.
Sabem aquela foto que rodou o mundo com os dois soldados americanos, totalmente fardados e equipados, posando triunfantes ao lado de uma tamareira?
É falsa. Ou pelo menos não foi tirada agora.
O pé está cheio de tâmaras. Todo árabe sabe que as tâmaras só dão no verão (verão no hemisfério Norte é o oposto de agora). Em dezembro as árvores estão vazias, e se tiver por acaso alguma fruta em seus galhos estariam secas, marrons, não amarelas e viçosas.
Mas uma versão significativa está sendo postulada pelo Debka, um site de estratégia que muitos dizem ser uma fachada para o serviço secreto israelense. Por que um homem tão vaidoso, tão orgulhoso, tão confiante e cheio de si (mesmo nas derrotas - vide primeira guerra do golfo), surge agora alquebrado, desgrenhado?
(O Saddam que conhecemos certamente levaria em seu kit de fuga a tintura para os cabelos...)
Debka diz: ele realmente estava escondido naquele buraco. Mas não por vontade propria e sim como prisioneiro dos proprios iraquianos, possivelmente de seus próprios guarda-costas e auxiliares de fuga.
Pode ter sido tambem a bandidagem local ou espertos caçadores de recompensas.
Fora traido por iraquianos de olho na recompensa dos 25 milhoes de dólares (que os americanos depois renegariam). Foi agarrado e mantido prisioneiro num buraco vigiado enquanto se desenrolavam as negociaçoes em torno de recebimento desta recompensa. Só que os invasores (com ajuda de curdos) romperam o trato e trataram de procurar/capturar o elemento por conta própria e de maneira mais espetacular.
Afinal, não ficava bem encerrar essa historia concluindo-se que os americanos ao fim nao conseguiram localizar e capturar seu inimigo supremo, tendo que depender dos invadidos e de traição e de grana pra obter seu objetivo.
Debka suporta sua teoria: o desgrenhamento deve-se ao fato de não ter tido acesso a água (lavar os cabelos, fazer a barba) por várias semanas. A desorientação deve-se a estar também por várias semanas presas dentro de um buraco sem luz e maiores possibilidades de movimentação.
Saddam estava bastante faminto. Na casebre ao lado do buraco havia comida. E o buraco em si? Saddam era (ou é) um homem cuidadoso, detalhista, planejador. Tinha uma rede quase infindável de malocas, planos de fuga, e se estivesse agindo por vontade própria, mesmo nos piores sufocos, estariam num buraco ou esconderijo melhor transado.
E - atenção - não havia como sair do buraco por dentro. Se ele quisesse, se desse uma louca nele, nao aguentasse mais o fedor e a claustrofobia, nao tinha como subir e dar uma voltinha. A tampa do buraco estava bloqueada com o peso de pedras & tijolos, somente retiráveis por alguem de fora.
E por aí vái... passando pela ausência no casebre ou no buraco de qualquer mecanismo de comunicação com outras pessoas fora dali (nem um pombo-correio, eles citam)... citando que Saddam na verdade ficou aliviado de ser encontrado pelas tropas americanas, certo estava de que seria executado por seus captores...
Bom, agora vem o espetáculo do julgamento.
E a guerra continua.