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    quinta-feira, novembro 20, 2025

    COP30: a marcha que foi dança

      

    ELIANE BRUM

    Luta é festa, é o que povos da Amazônia nos ensinam. E festa é algo muito sério. O que se viu na Marcha dos Povos pelo Clima, que reuniu dezenas de milhares de pessoas de diferentes territórios da Natureza e também urbanos, foi o melhor do Brasil, essa alegria que é instrumento de resistência, que é potência de agir. O que irrompeu nas ruas de concreto de Belém foi a luta viva. E a luta viva tem dança, a luta viva tem canto, a luta viva tem música, a luta viva só pode ser travada por corpos vivos. E quais corpos estão vivos num mundo de pessoas paralisadas, num mundo de pessoas deprimidas, num mundo de pessoas-zumbis, que fecham seus corpos e seus gestos porque esperam que, se não se moverem, tudo vai ficar bem?

    Os corpos vivos são aqueles que resistem ao capitalismo que está nos levando à extinção, e resistem porque se movem, e se movem com todo o corpo em gesto de expressão. São os corpos dos povos-floresta, dos povos-bioma, que protegem o planeta todos os dias, mas também são aqueles que disputam as cidades avançando pelas frestas para irromper em cores. Tanto se discutiu esta COP na Amazônia, tantas críticas foram feitas a Belém, mas nessa marcha o que emergiu e se impôs foi a Belém que não é a de Helder Barbalho, a Belém que não é a das obras financiadas pelos destruidores da Floresta, a Belém que não virou as costas para a Natureza.

    Amalgamados com os tantos povos indígenas, quilombolas, ribeirinhos, camponeses presentes em sua diversidade, os movimentos culturais, políticos, sociais de Belém irromperam no asfalto com suas alegorias e fizeram da marcha uma dança de muitos corpos e de muitas vozes. É o entendimento encarnado de que não é uma luta e outra luta, mas a mesma luta. Foi em nome da vida que os corpos se moveram neste 15 de novembro.

    Nunca houve uma marcha pelo clima com carimbó, com lambada, com brega, com batuque, com aparelhagem. Era o Arraial do Pavulagem, a Boiúna, a Matinta Pereira, o Círio de Nazaré se aliando contra a transfiguração do mundo feita pelas corporações de petróleo, de mineração, de soja, de carne, de palma. Se aliando contra o genocídio na Palestina, porque o extermínio dos palestinos e o extermínio da Amazônia são executados pelos mesmos braços do Norte Global, aliados às elites extrativistas locais. Era a espiritualidade atravessando os corpos como rebelião.

    O que essa marcha habitada mostrou é que a luta e a expressão dos corpos não são uma coisa e outra coisa. Como na vida, a cultura não está separada da Natureza. Não há binarismos, o que há é troca, interdependência, contágio. Evoluindo pela Avenida Duque de Caxias, triste cenário de uma floresta sepultada, em que o concreto é a camisa de força que esmaga os viventes; evoluindo entre árvores sobreviventes, algumas delas raquíticas, que testemunharam a luta que é também por elas, tudo foi transmutado, tudo de repente ficou vivo, tudo vibrou. Tudo era naturezacultura, uma palavra só.

    Os engravatados da Zona Azul, aquele mix de nave espacial e sofá que baixou sobre Belém para abrigar os negociadores em ambientes climatizados e supostamente assépticos, entenderiam o que é a COP se tivessem se arriscado à ocupação das ruas. A COP está onde a vida resiste. A COP é a transgressão da COP. Seguiremos dançando. E avançando.

    SUMAUMA  

    COP30, dia 6: a marcha que foi dança - SUMAÚMA

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