Angela Ro Ro: a dor de ser e viver -

"De todas as lésbicas da MPB anteriores ou contemporâneas suas, ela foi a única a dar a cara a tapa, abrindo caminho para Cássia Eller e Mart’nália. Por isso mesmo, ela é a grande referência artística principalmente para gays, lésbicas e travestis nascidos na década de 1970. Era, ao mesmo tempo, o exemplo dos efeitos devastadores da homofobia na vida de uma pessoa pública, honesta que queria ser em relação ao seu amor. A imprensa homofóbica sempre buscava reduzi-la a seus “escândalos”, mas, como escreveu Caetano Veloso em letra dedicada a ela, seu grande escândalo era sua solidão, cujo fundamento era a lesbofobia de que era vítima.
Esse mecanismo cruel de transformar nossa existência em “escândalo” produzia e ainda produz solidão. E não foi diferente com Angela: cada vez que ela ria alto demais, amava sem esconder, bebia demais ou falava o que pensava, a sociedade encontrava um pretexto para reduzi-la à caricatura da “lésbica descontrolada”, apagando sua genialidade musical. A homofobia é sofisticada em suas estratégias de silenciamento: nos permite estar, mas não nos deixa brilhar."
leia artigo de JEAN WYLLIS


