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  • O BRASIL EH O QUE ME ENVENENA MAS EH O QUE ME CURA (LUIZ ANTONIO SIMAS)

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    Fragmentos de textos e imagens catadas nesta tela, capturadas desta web, varridas de jornais, revistas, livros, sons, filtradas pelos olhos e ouvidos e escorrendo pelos dedos para serem derramadas sobre as teclas... e viverem eterna e instanta neamente num logradouro digital. Desagua douro de pensa mentos.


    segunda-feira, setembro 29, 2025

    A Palestina daqui em diante

     

    JAMIL CHADE

    Omassacre em Gaza gerou uma
    reação inesperada, até mesmo
    para os palestinos: uma onda
    de reconhecimentos por parte de gover
    nos estrangeiros da soberania da Pales
    tina e seu status como um país indepen
    dente. Durante a Assembleia-Geral da
    ONU, o gesto foi anunciado por diversos
    Estados europeus e, agora, 147 dos 193
    integrantes das Nações Unidas reco
    nhecem a Palestina. Mas, em um movi
    mento histórico, foram as grandes po
    tências ocidentais que tomaram a ini
    ciativa de anunciar o reconhecimen
    to, rompendo uma unidade no G7. Para
    diplomatas, a decisão do Reino Unido e
    da França, velhos aliados de Israel, dei
    xou tanto Benjamin Netanyahu quanto
    Donald Trump numa situação incômo
    da e de crescente isolamento.  
     
    A mobilização pelo reconhecimen
    to da Palestina começou cerca de seis
    meses depois dos ataques do Hamas, de
    outubro de 2023, que levaram Israel a
    iniciar uma operação de grandes di
    mensões em Gaza. A ideia era a de que
    um reconhecimento serviria de es
    cudo jurídico contra as ambições de
    Netanyahu. A oposição foi intensa. Is
    rael fez campanha nas diferentes capi
    tais e insistia que reconhecer a Pales
    tina seria “premiar o terrorismo”, co
    mo Trump repetiu em seu discurso na
    ONU. Recentemente, diante da dispo
    sição dos aliados de seguir em frente,
    Netanyahu foi categórico: “Não have
    rá um Estado palestino”.
     
    Mas de nada serve o reconhecimento
    sem passos concretos. De fato, enquan
    to a Assembleia-Geral da ONU ocorria,
    50 palestinos foram mortos por ataques
    israelenses. O que mudou para essas ví-
    timas? No fundo, nada. Para lideranças
    palestinas, o gesto político, ainda que
    fundamental, deve ser visto apenas co
    
    mo um primeiro passo. “É no dia seguin
    
    te que a história começa”, afirmou um
    embaixador no Oriente Médio.  
     
    Construir um Estado soberano pales
    tino será, de fato, um enorme desafio.
    Por anos, Israel tentou inviabilizar sua
    existência e, desde 2023, agiu para as
    fixiar economicamente qualquer chan
    ce de uma ideia de soberania. No início
    de 2024, entre 80% e 96% da estrutu
    ra agrícola de Gaza, incluindo sistemas
    de irrigação, fazendas de gado, poma
    res, máquinas e instalações de armaze
    namento, haviam sido dizimados, pre
    judicando a capacidade de produção de
    alimentos da região e agravando os ele
    vados níveis de insegurança alimentar.  
     
    A destruição do território atingiu
    duramente o setor privado, com 82%
    das empresas danificadas ou destruí-
    das. O Produto Interno Bruto despen
    cou 81% no último trimestre de 2023,
    levando a uma contração de 22% em to
    do o ano. Em meados de 2024, a econo
    mia de Gaza havia encolhido para me
    nos de um sexto do seu nível de 2022. 
     
    Era só o começo. Um relatório re
    cente da ONU alertou que o desempre
    go subiu para mais de 80%, o comércio
    estagnou, a pobreza é endêmica e a fo
    me foi declarada. Tampouco há circu
    lação de dinheiro. A maioria dos ban
    cos e caixas eletrônicos foi destruída e
    Israel bloqueou a entrada de novas mo
    edas. Com a grave escassez de dinhei
    ro e de produtos, a inflação disparou. Os
    preços do óleo de cozinha aumentaram
    1.200% e os da farinha, 5.000% até mea
    dos de 2025. A Cisjordânia também está
    sob crescente pressão financeira. Israel
    desviou e reteve arbitrariamente recei
    
    tas tributárias que deveriam ter chega
    
    do à Autoridade Palestina, impedindo o
    pagamento de salários e minando o fun
    cionamento da administração pública.  
     
    Nos últimos dois anos, as restrições à
    economia palestina se intensificaram,
    supostamente para combater o terro
    rismo, resultando em reduções injus
    tificadas de liquidez por parte de ban
    cos globais, fechamentos de contas e blo
    queios de transferências humanitárias.
    Israel ainda ameaça proibir suas insti
    tuições financeiras de processar transa-
    ções com homólogas palestinas. Se isso
    for implementado, os palestinos estarão
    excluídos do sistema financeiro global. 
     
    Nos últimos meses, as autorizações
    de trabalho foram suspensas para 100
    mil palestinos, reduzindo a entrada de
    dinheiro que antes representava um
    quarto de toda a renda nacional bruta.
    Isso tudo diante de uma ofensiva para o
    confisco de terras e a exploração ilegal
    de recursos naturais por colonos israe
    lenses na Cisjordânia ocupada. 
     
    Para diplomatas palestinos, com
    mais de 65 mil mortos, o genocídio em
    Gaza passou a ser um marco na histó-
    ria do Oriente Médio. O reconhecimen
    to da soberania palestina é um ponto de
    partida. Agora, falta tudo. 
     
    CARTA CAPITAL  

     

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