O sonho americano em frangalhos
"Tem sido brutal, e o grupo ao qual pertenço
com orgulho – o dos perdedores –
se vê em constante choque. Há também
muita revolta, negação, impotência, desespero,
rancor, frustração. Mas tem algo
só meu e seu, como brasileiros, se você
estivesse aqui. É o sentimento de déjà vu.
Vem desde as conversas com meus pais,
quando eu era menina, durante os anos da
ditadura. Um casal, de 30 e poucos anos,
contando para a filha o que era fugir da
polícia na Cinelândia, não poder se manifestar
ou votar para presidente. Eu entendi
o período como ausência do que deveria
ter sido, como algo precioso roubado aos
meus pais. A injustiça feita à geração deles
se tornou a minha. Ela abriu minha percepção
para a longa cauda de consequências
de um governo autoritário: a alienação
do povo, a mediocridade dos líderes, corrupção,
violência, desigualdade.
O que está acontecendo aqui é parecido.
Trump governa ignorando a Constituição,
esvaziando o governo, aterrorizando
pessoas e atacando instituições.
Aquele “E daí?” do Bolsonaro é o mantra
diário dele."
LEIA O ENSAIO DE MARTA BATALHA


