Escola não é quartel!
RENATO ROVAI
Recentemente o governador Tarcísio de
Freitas (Republicanos) anunciou uma decisão
que deveria mobilizar imediatamente toda a
sociedade paulista: a implantação de 100 novas
escolas cívico-militares no estado de São Paulo,
principalmente em cidades do interior.
O governo estadual tenta, com essa medida,
capturar politicamente o interior, substituindo
professores capacitados por militares e policiais
aposentados, transformando as escolas em
espaços mais preocupados com o corte de
cabelo dos alunos do que com a aprendizagem
efetiva. Trata-se claramente de uma tentativa
de catequizar os alunos numa ideologia
conservadora e reacionária. É preocupante
imaginar a consequência dessa ação sobre
o pensamento crítico e o desenvolvimento
intelectual dos jovens paulistas.
Façamos um exercício simples: se o governo
Lula anunciasse que, a partir de agora, as aulas
de história seriam ministradas por sindicalistas,
qual seria a reação da sociedade? O escândalo
seria gigantesco. Mas, no governo Tarcísio,
policial aposentado sem qualquer formação
pedagógica dará aulas de ética e política.
É simplesmente uma loucura. O que dirão
esses professores improvisados aos alunos?
Que a ditadura foi algo bom? Que o governo
Bolsonaro foi o melhor da história do país?
Esses militares aposentados não têm
condições de ensinar disciplinas complexas.
Não sabem quem é Espinosa ou Marilena
Chauí. Confundem ética com etiqueta e
desconhecem totalmente os ciclos históricos
brasileiros ou conceitos básicos de geopolítica
internacional. A educação paulista corre o
sério risco de cair nas mãos de pessoas
despreparadas, cuja visão limitada e enviesada
pode causar danos irreparáveis.
Estamos diante de um verdadeiro absurdo,
uma tentativa descarada de lavagem cerebral.
Cabe destacar que esses militares receberão
salários maiores que os dos professores
qualificados e experientes, para ministrar
menos aulas em disciplinas que poderiam
perfeitamente ser lecionadas por profissionais
com formação adequada.
Perguntamos então: onde está a indignação
da grande imprensa diante disso? Vimos
alguma manifestação contrária na Globo News?
E nos veículos que se dizem de ultraesquerda?
A Folha de S.Paulo ou o Estadão expressaram
qualquer crítica contundente? Não, porque
infelizmente parece haver um pacto tácito de
conveniência com essa agenda conservadora.
Esses mesmos veículos preferem direcionar
seus ataques contra Lula, Frei Chico, Sindnapi
e Contag do que questionar as políticas do
governador Tarcísio, o candidato preferido
dessas elites midiáticas.
É hora de reagir! A sociedade paulista,
inclusive a direita civilizada, precisa se unir
contra essa investida absurda e perigosa. Não
podemos aceitar passivamente essa tentativa
de transformar nossas escolas em quartéis
ideológicos. É preciso barrar essa tentativa
nefasta antes que seja tarde demais.
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