Sem diplomacia, vergonha ou limites, Trump tenta impor nova ordem
JAMIL CHADE
Donald Trump já deixou claro: não irá fazer diplomacia. Atuará com a força, tanto bélica quanto econômica e comercial. Sua construção de uma nova ordem não passa pela paz. Mas pela capitulação do adversário.
Em 40 dias no poder, desmontou as bases do direito internacional e partiu para uma operação de uma velocidade impactante para tentar impor sua hegemonia.
Chantagear e fazer bullying são suas armas diplomáticas preferidas. E faz questão de usá-las. Como me disse Steve Levitsky, autor do best-seller “Como morrem as democracias”, Trump sente prazer em humilhar nações estrangeiras.
O último deles foi Volodymyr Zelensky, pisoteado ao vivo para todo o mundo.
Em outras escalas, ele fez isso também com a Colômbia, ameaçando impor sanções diante da crise dos imigrantes, e atuou da mesma forma com o Panamá, ao exigir que o país encerrasse a aproximação com a China.
Ao telefone, logo no início de seu governo, teve uma conversa tensa com a primeira-ministra da Dinamarca, Mette Frederiksen. O assunto era o destino da Groenlândia e, por 45 minutos, o americano ameaçou retaliações caso os europeus não iniciassem uma negociação para repassar o território aOs EUA. Quem acompanhou a conversa saiu em choque.
Promoveu um boicote na reunião de chanceleres do G20, atacou a África do Sul, deixou o Conselho de Direitos Humanos da ONU e o Acordo de Paris, retirou recursos para dezenas de entidades internacionais e enfrentou árabes e o direito internacional ao anunciar que iria “tomar” Gaza.
Mais recentemente, instruiu sua base a não mais citar o termo Cisiordânia em rererência
ao território palestino. E, sim, Judeia e Samaria, numa alusão aos “direitos bíblicos de Israel” sobre o local.
Mandou ameaças ao Brics e tripudiou o primeiro-ministro do Canadá ao sugerir que os EUA anexariam um país soberano.
Ofendeu mexicanos e rebatizou uma região do mundo que, por 400 anos, era chamada de Golfo do México.
UOL