Trump lança as bases de sua milicia armada particular ao perdoar golpistas
LEONARDO SAKAMOTO
Com o perdão ou a comutação de pena conferidos a mais de 1,5 mil de seus seguidores que participaram de atos golpistas, como a invasão do Congresso em 6 de janeiro de 2021, o presidente Donald Trump lançou as bases de sua milícia particular. São centenas de pessoas, muitas delas fortemente armadas, que já eram seus súditos e, agora, devem sua liberdade a ele. As consequências disso são imprevisíveis para a democracia.
Trump é comandante em chefe das Forças Armadas dos Estados Unidos. Mas, em última instância, elas respondem à Constituição e não ao desejo pessoal de um mandatário caso este entre em guerra a seu próprio povo. O mesmo não pode ser dito de trumpistas radicais.
E esse exército particular, claro, não parte do zero. Entre os envolvidos nos planos golpistas de impedir a certificação da vitória de Joe Biden em janeiro de 2021 e manter Trump no poder estavam grupos armados bem organizados. Alguns de seus líderes haviam sido presos após a tentativa frustrada de golpe e, agora, foram soltos pelo presidente que retorna à Casa Branca. Como Enrique Tarrio, dos Proud Boys, e Stweart Rhodes, do Oath Keepers.
Os Oath Keepers são uma milícia de extrema direita formada por membros da ativa e da reserva de forças de segurança. Defendem que militares, policiais e socorristas não devem seguir ordens que violam a Constituição - quer dizer, a interpretação da Constituição dada por suas lideranças. Já os Proud Boy são uma organização com características fascistas e de extrema direita, formada apenas por homens. Pesa contra ela denúncias de racismo, de defesa da supremacia branca e de violência.
Parte da militância extremista age como milícia não apenas nas redes sociais, mas também na vida offline. Atua para silenciar e punir aqueles que criam embaraços ao seu líder ou que questionam as ideias que ele sustenta.
Hoje, Trump conta com o apoio da maioria da população, da Câmara e do Senado e da Suprema Corte. Sua milícia particular pode, nesse sentido, agir contra dissidentes em um neomacarthismo. Mas se perder o apoio caso, por exemplo, não consiga melhorar o custo de vida, as milícias podem passar a defendê-lo com unhas, dentes e armas contra tudo e todos
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