Na mira de pistoleiros
"Estamos em um barraco com
um monte de crianças. Por
favor, acionem a Força Na-
cional e a Polícia Federal.
Estamos cercados por pis-
toleiros. Vocês precisam fazer alguma coi-
sa por nós!” Gravado em vídeo, o desespe-
rado pedido de socorro é de uma indígena
Avá-Guarani, em pânico durante um vio-
lento ataque à aldeia Yvy Okaju, na Terra
Indígena Tekoha Guasu Guavirá, no mu-
nicípio de Guaíra, oeste do Paraná. A ação
criminosa, deixou um saldo de quatro pessoas
feridas à bala, dentre
elas uma criança de 4 anos e um ho-
mem atingido no maxilar, que segue in-
ternado na UTI em estado grave. Esse foi
o quarto atentado sofrido pela comunida-
de em apenas sete dias.
Ataques aos Avá-Guarani nesta épo-
ca do ano estão se tornando recorrentes.
Os criminosos aproveitam o recesso das
autoridades para agir. Nessa passagem
de ano, a violência também reinou na al-
d eia Yvy Okaju, com atentados em 25 de
dezembro e 1º de janeiro, que resultaram
em três pessoas baleadas. “A gente não
tem a oportunidade de ter uma ceia de
Natal, de desejar felicidade e prosperida-
de aos nossos parentes no Réveillon. A vi-
rada do ano para nós tem sido complicada.
Estamos em choque, todo mundo abati-
do. Não temos segurança nenhuma dentro
do nosso território e não há expectativa de
mudança nos próximos anos. Já estamos
perdendo a esperança. Os últimos anos
têm sido bem difíceis, mas esse início de
2025 foi muito mais chocante”, lamenta
Ilson Okaju, liderança indígena da região
mais na reportagem de FABIOLA MENDONÇA