Netanyahu mata crianças com bombas em Gaza e com pagers-bomba no Líbano
LEONARDO SAKAMOTO
Sabem por que o uso de pagers-bomba e walkie-talkies explosivos, como os que explodiram no Líbano, entre ontem e hoje, é uma aberração? Porque muitas famílias sabem que crianças não podem brincar com uma pistola, um fuzil ou uma granada, mas liberam despreocupadamente o pager ou walkie-talkie do pai ou do tio.
Quem repudiou o uso de objetos civis como armas foi o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, nesta quarta (18). Até agora, pelo menos 3.000 pessoas foram atingidas e 26 mortas - o grupo Hezbollah, alvo do ataque, confirma que oito eram seus membros.
Sim, explosivos atingem que está à sua volta. Num campo de batalha, entende-se o uso de granadas. Mas e quando a bomba é detonada em um mercado ou na rua?
A ONU teme tanto que isso leve a uma escalada da violência na região quanto a um entrave às negociações para que Israel interrompa os ataques à faixa de Gaza. O governo Benjamin Netanyahu não reconheceu, nem negou a autoria das explosões, o que é desnecessário. Esse é o padrão do atual governo, que vem eliminando adversários militares em ataques isolados no território iraniano, sírio e libanês.
As bombas de agora, contudo, reforçam que a tecla “dane-se” está apertada. Um governo que não se importa que objetos do cotidiano possam atingir pessoas que não são combatentes, como de fato aconteceu de acordo com os vídeos que circulam nas redes, mostra que não se importa diante de quem vive e quem morre, desde que atinja seu objetivo. Isso é puro suco de terrorismo.
Uma das crianças mortas com as explosões dos pagers, aliás, foi Fatima Jaafar Mahmoud Abdullah, com nove anos de idade.
Não é novidade porque essa é a realidade de Gaza. O ataque terrorista do Hamas, que matou mais de 1.100 pessoas em Israel em 7 de outubro do ano passado, foi respondido com um massacre generalizado. São mais de 41 mil mortos até agora, na qual os civis palestinos foram condenados à sede, à inanição, a doenças, bombardeados, atropelados, metralhados. Se a vida de milhares crianças em Gaza não vale nada para o governo Netanyahu, por que valeriam as do Líbano?
UOL