Crianças queimadas em Rafah é o custo aomundo de deixar Netanyahu solto
LEONARDO SAKAMOTO
O governo de Benjamin Netanyahu lançou um ataque contra o Sul de Gaza sob a justificativa de atingir o Hamas, mas causou um incêndio em um campo de refugiados, matando dezenas, entre mulheres e crianças. Tratou, dessa forma, não apenas palestinos como lixo, mas também a Corte Internacional de Justiça, que havia mandado interromper os bombardeios à cidade de Rafah. Corpos carbonizados, membros dilacerados, gente queimada urrando de dor esperando para morrer. Ironicamente, no local para onde Israel originalmente empurrou milhões de palestinos de toda Gaza, alegando que estariam salvos de ataques e bombardeios.
Há uma
hipocrisia por parte do sistema Internacional e de organizações
multilaterais ao ficarem surpresas com o governo de Israel por
desrespeitar uma decisão da corte. Nesse sentido, Netanyahu vem sendo
extremamente coerente na banana que dá diariamente ao mundo. No afã de
se manter longe da prisão, que é o local para onde ele pode ir ao deixar
o governo devido às denúncias de corrupção, os ataques à Suprema Corte e
sua incompetência em prever os ataques do Hamas, continua produzindo
cenas de horror não se importando com a opinião pública internacional.
Diante
do cinismo escancarado, a única saída é que o Tribunal Penal
Internacional acate o pedido do procurador-chefe Karim Khan, de prisão
de Netanyahu, do ministro da Defesa, Yoav Gallant, e de três líderes do
grupo Hamas, responsável pelo ataque terrorista a Israel. O pedido
contra Netanyahu não vai resolver a guerra porque ele não será preso em
Israel, nos EUA e em uma série de países. Mas sem uma sinalização forte
de que o mundo repudia a sua conduta genocida, ela vai continuar
acontecendo sem causar um mínimo de preocupação.
Reafirmar a
importância do reconhecimento de um Estado palestino, como vem sendo
feito pela maioria esmagadora da Assembleia Geral das Nações Unidas, é
importante. Mas deixar claro que o primeiro-ministro de Israel é um fora
da lei, também é. Se o pedido de Khan não for acatado, o sistema
internacional será cúmplice dos ataques. Não terá dado a ordem de
queimar crianças, mas consentirá com a barbárie diante do silêncio com
beicinho de desaprovação.
UOL