Caos, lama, reconhecimento - a estreia de Chico Science e Nação Zumbi faz 30 anos
"Eu estava lá quando o álbum foi lançado. Sua chegada foi antecipada e incensada pelos veículos culturais em ação naquele tempo. Fosse no Rio Fanzine – seção de cultura pop underground do jornal “O Globo”, fosse nas páginas da revista “Showbizz”, a expectativa era imensa pela chegada do registro sonoro oficial do tal movimento. As informações davam conta de uma reinvenção musical, com incorporação de vários ritmos gringos, de hip hop e funk a techno e variações, passando pelo exotismo de manifestações ritmicas caribenhas e africanas, tudo servindo como instrumento de reavaliação dos estilos nativos de Pernambuco. De maracatu ao forró, do côco à embolada, tudo agora, sob o signo da globalização, era fruto das mesmas origens e manifestações. Ou seja, Recife poderia ser parte da periferia de Lagos, Londres ou Long Beach. Cabia tudo em toda parte. E todo mundo achava o máximo este senso de “estar no mundo”. Lembro de um professor, exultante em meio a uma aula sobre o assunto na Faculdade de Comunicação da Uerj, dizendo: “agora nós podemos viver como se estivéssemos em qualquer parte do mundo”.
Tamanha euforia era fruto desse aspecto de “press kit” que a globalização trazia. As distâncias se encurtavam via celular, via Internet, que logo teria sua versão em banda larga. Ou seja, parecia que as coisas mudariam de fato. E o som de Chico, pelo menos, aqui no Brasil, foi a trilha sonora disso"
mais na análise de CARLOS EDUARDO LIMA
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