Agora Ziraldo tornou-se imortal
"O Pererê é uma espécie de fase “ci-
nema novo” de Ziraldo. Ali ele inven-
tou seu modo de narrar quadrinhos,
com sequências cinematográficas, cor-
tes abruptos, diálogos em ricochete, ao
mesmo tempo que moldava uma sínte-
se visual que amadureceria plenamente
duas décadas depois. Foi um desenho que
bebeu nas fontes do humor gráfico euro-
peu do pós-Guerra – calcado em Sempè,
André François e Saul Steinberg – e se
consolidou com influências de Portinari,
Di Cavalcanti e Aldemir Martins.
Para além da estética, o Pererê ex-
pressava o ocaso do Brasil rural e a emer-
gência de uma sociedade que aspirava a
modernidade urbana. O País realizava,
naquele momento, a transição demográ-
fica e, nas páginas do gibi, os problemas
sociais eram mostrados sem cacoetes aca-
dêmicos, por meio de infindáveis peripé-
cias num incerto ponto do “Brasil central”,
defendendo seu modo de ser, sua flores-
ta e recebendo novidades como a televi-
são, a luz elétrica e modismos litorâneos."
leia artigo de GILBERTO MARINGONI