Mimimi de Cid nao muda golpe delatado, mas tenta mudar pecha de traidor
LEONARDO SAKAMOTO
Os áudios de um desabafo de Mauro Cid não mudam em nada a investigação da Polícia Federal sobre o golpismo do seu ex-chefe e de seus asseclas militares e civis, uma vez que delações precisam ser comprovadas com outras fontes. Mas diz bastante sobre o medo de Cid, um bolsonarista-raiz, de ser tratado como traíra. Revelados pela revista Veja, os áudios mostram o ex-faz-tudo de Bolsonaro criticando pressão da Polícia Federal, super-poderes do ministro Alexandre de Moraes e vitimizando-se pelo abandono de antigos parças. Vale lembrar que o ex-chefe o abandonou na beira da estrada quando ele amargava uma cana.
Mesmo que diga que estava chapado de Lexotan à PF quando disse o que disse, ele já terá entregue um biscoito ao bolsonarismo - que rapidamente usou as falas em sua batalha para tentar mi-mi-mitigar o próprio crime. Que já foi comprovado até por minuta de decreto golpista, por toneladas de mensagens e pela confirmação por parte dos então comandantes do Exército e da Aeronática. O desabafo é importante para lembrar que ele é bolsonarista de carteirinha, seu entorno de caserna era bolsonarista, seus amigos, bolsonaristas. Provavelmente até seu cachorro também latia “mito, mito, mito”.
Considerando que ele delatou meio mundo desse meio, é de se esperar que não seja convidado para um jogo de truco no sábado à tarde no Clube Militar. Agora, caído em desgraça, tenta reduzir os ataques a ele e a sua família e tentar resgatar um pouco da vida social e da imagem público com o grupo que lhe era caro. Talvez até pressionar contra seu indiciamento no caso da fraude do cartão de vacina de Jair. Precisa tomar cuidado. Se é ruim ser duas caras para os amigos, imagine então para a Polícia Federal.
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