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  • O BRASIL EH O QUE ME ENVENENA MAS EH O QUE ME CURA (LUIZ ANTONIO SIMAS)

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    Fragmentos de textos e imagens catadas nesta tela, capturadas desta web, varridas de jornais, revistas, livros, sons, filtradas pelos olhos e ouvidos e escorrendo pelos dedos para serem derramadas sobre as teclas... e viverem eterna e instanta neamente num logradouro digital. Desagua douro de pensa mentos.


    sábado, dezembro 09, 2023

    Famílias sem chão

     



    Remoções forçadas, indenizações irrisórias, omissão estatal… O desastre provocado pela Braskem é muito mais profundo do que se vê nas crateras

    "A gente não tem mais cabeça para lidar com isso. Minha esposa até adoeceu, agora toma remédio controlado”, desabafa Antônio Domin-
    go dos Santos, ex-funcionário da Braskem
    e morador do Flexal, um dos bairros ame-
    açados de sucumbir devido à imperícia da
    empresa na extração de sal-gema do sub-
    solo de Maceió. A família de seis pessoas
    precisou abandonar a casa às pressas, em
    29 de novembro, após receber um alerta
    da Defesa Civil de Alagoas sobre o risco
    iminente de desabamento. Resistiram até
    o último minuto, porque não queriam se
    desfazer da residência onde a sogra de
    Santos vive há 70 anos sem a certeza de
    ter outro lugar digno para morar.

     
    O antigo montador de andaimes preci-
    sou abandonar a profissão após ser aco-
    metido por uma hérnia de disco, que cau-
    sa dores insuportáveis na coluna ao me-
    nor esforço. Desempregado há quatro
    anos, sobrevive de bicos. Reconstruir a
    vida em outro local não é tão simples pa-
    ra o trabalhador. O drama de Santos so-
    ma-se ao de outras 60 mil famílias atin-
    gidas pelo desastre geológico desde 2018,
    quando a capital alagoana começou a sen-
    tir os primeiros tremores de terra. Racha-
    duras tomaram conta das paredes de ca-
    sas e prédios. Crateras se abriram em
    algumas ruas. À época, parte dos mora-
    dores foi removida pela prefeitura com
    a promessa de um aluguel social, porque
    ainda não havia comprovação da respon-
    sabilidade da Braskem. De lá para cá, pro-
    vou-se que o desastre não tem causas na-
    turais, mas boa parte dos moradores se-
    gue sem garantia de uma moradia segura.
    Na outra ponta da vasta área atingida,
    no bairro de Pinheiro, o pastor Wellington
    Santos denuncia que ao longo dos últimos
    anos nem o Poder Público nem a Braskem
    fizeram propostas razoáveis para prote-
    ger, realocar e indenizar as vítimas. “As
    primeiras pessoas que saíram, seja pe-
    la via do aluguel social, seja por meio de
    acordos com a empresa, logo depois se sen-
    tiram lesadas e quiseram voltar. Mas vol-
    tar para onde? Só há escombros por aqui.”

     
    No vilarejo fantasma, a Igreja Batista do
    Pinheiro, onde Wellington celebrava seus
    cultos, também acabou interditada pela
    Defesa Civil. “Isso abalou muito a socie-
    dade. Só aqui, neste bairro, 12 pessoas co-
    meteram suicídio. O mais recente foi em
    março deste ano. Um homem foi à fren-
    te da casa onde morava e deu um tiro na
    cabeça. Claramente, foi ato de desespe-
    ro e protesto”, lamenta o líder religioso.
    O risco de colapso é iminente. Na região
    da Mina 18, o solo afundou quase 2 metros
    desde o início das medições da Defesa Ci-
    vil, no fim de novembro. A arquiteta e

    banista Isadora Padilha, autora do livro
    Rasgando a Cortina de Silêncios (Ed. Ins-
    tituto Alagoas), explica que esta área pró-
    xima da costa concentra os bairros mais
    antigos de Maceió. “Bebedouro, por sinal,
    possui numerosos imóveis tombados pelo
    patrimônio histórico. É uma das primei-
    ras áreas povoadas da cidade, os registros
    remontam ao século XVIII.”

    MAIS NA REPORTAGEM DE MARIANA SERAFINI

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