Exodo e Martírio
"Ninguém de bom senso pode negar aos
judeus o direito de ter seu Estado. O pro-
blema é que a ocupação do território e a
construção do Estado ocorreram sob a
égide da expropriação de terras, deslo-
camentos de populações locais, destrui-
ção de vilas, violência e terror. As terras
dos palestinos foram roubadas, seus po-
mares, videiras e oliveiras foram toma-
dos e esse povo foi privado dos seus fru-
tos, dos seus rebanhos, de sua água e de
suas casas. Foi humilhado, desprezado,
diminuído, espezinhado, visto como se-
gunda categoria, semi-humano e, mui-
tas vezes, como descartável.
Esse processo sedimentou ressen-
timentos, vergonha, dor e ódio. E dele
emerge o sentimento de vingança, a op-
ção pela violência, que fomenta o terro-
rismo. Os atos de grupos palestinos, do
Hamas, da Jihad Islâmica, contra civis
judeus, não se justificam, mas precisam
ser compreendidos. Suas motivações de-
vem ser entendidas. Se não houver uma
reparação histórica, se os palestinos
não tiverem seu Estado, o Hamas pode
até ser eliminado, mas o terrorismo re-
nascerá em outros grupos. Se a história
dos palestinos tivesse sido outra, se ti-
vesse sido uma história de terra e liber-
dade, de paz e respeito, os grupos terro-
ristas não teriam a força do apelo reli-
gioso, da guerra santa. O mundo ociden-
tal, os Estados Unidos, as grandes po-
tências e a ONU precisam reconhecer as
causas dessa violência e reparar seus er-
ros, pois são erros criminosos."