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    sexta-feira, setembro 22, 2023

    TRES PABLOS

     


    Sérgio Augusto

    No espaço de apenas doze dias, o golpe do general Pinochet conseguiu destruir a democracia chilena, matar seu presidente, seu mais expressivo cantor e compositor popular (Victor Jara) e seu mais lido e admirado poeta, Pablo Neruda. Quase certamente um recorde do fascismo.

    A despeito da controvérsia em torno de sua morte (câncer de próstata ou envenado pela ditadura?), o fato é que o poeta, embaixador e senador pelo Partido Comunista, companheiro de lutas políticas de Allende, em favor de cuja candidatura abandonou a corrida presidencial de 1970, já morrera um pouco por dentro com os trágicos acontecimentos de 11 de setembro de 1973.

    1973 também foi um annus horribilis para os mais distintos Pablos do hemisfério. Além de Pablo Neruda, morreram os espanhóis Picasso e Casals, intimamente ligados ao primeiro. Mas quem não foi, em variados graus de intensidade, ligado ao esfuziante, irresistível e onipresente poeta chileno, Nobel de Literatura de 1971?

    García Lorca, outra vítima fatal do fascismo, no caso, espanhol, iluminou para Neruda os caminhos da poesia engajada; Picasso o ajudou a abrigar-se com segurança em Paris, num dos vários momentos perigosos por que o poeta passou no pós-guerra por estar sempre do lado certo da história.

    Quando em 1948 o presidente González Videla, pressionado pela Doutrina Truman, desencadeou uma guerra implacável aos comunistas chilenos, em simetria com a cassação do PC brasileiro pelo governo do general Dutra, Neruda fugiu para Argentina, disfarçado de ornitólogo e sob o nome falso de Antonio Ruiz. Depois sairia à pressas da Guatemala, munido do passaporte de seu futuro companheiro de Nobel, Miguel Ángel Asturias, fisicamente parecido com ele.

    Alvo da primeira caçada global a um intelectual encetada pela Guerra Fria, vigiado até o fim da vida pelo FBI e pela CIA, Neruda foi incomodado, preso e constrangido ao exílio em vários continentes. No Brasil, ao contrário, virou arroz de festa em rodas intelectuais e boêmias, desde que aqui pôs os pés pela primeira vez, no inverno de 1945. Paulo Mendes Campos se mandou de Belo Horizonte para o Rio sõ para conhecê-lo.

    Entre nós Neruda grudou em Vinicius de Moraes, seu mais constante companheiro nestas paragens, junto com o também poeta Thiago de Mello.

    São de matar de inveja as histórias de suas temporadas brasileiras, registradas em crônicas por Vinicius, Fernando Sabino, Otto Lara Resende & cia. Se uma máquina do tempo pudesse me levar até aqueles idos, eu pediria para saltar no jantar mineiro oferecido por Sabino aos “habituais suspeitos”, não apenas para ouvir o poeta chileno, mas também para apreciar o show imperdível de Jayme Ovalle dançando, no meio do salão, com o Barão de Itararé, acompanhado pela jazzística bateria do anfitrião.

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