Lucky Lula

 

Arnaldo Branco 

“Você nunca vai saber de que sorte pior a sua má sorte te livrou” - Cormac Mccarthy

Depois de anos fazendo campanha para impedir a vitória do Lula vendendo a ideia de que ele e seus partidários seriam uma horda de ogros sem modos à mesa que não saberiam lidar com as sutilezas e os enormes desafios do sempre complexo e delicado Mercado, a direita e a mídia tiveram que engolir os dois primeiros mandatos do barba com a mesma cara que o Andre Rizek deve ter feito a cada gol da Alemanha no 7 a 1 depois daquele fatídico tuíte.

Bom, o que restou foi dizer que nada daquilo seria responsabilidade do governo: o momento internacional era muito favorável e que o Lula na verdade seria um ogro de muita sorte. Depois de um governo de legitimidade pra lá de questionável e outro conduzido por um cara que afirmou em campanha que era ignorante no assunto — além de todas as reformas que os caras conseguiram passar afirmando que eram a solução ideal para botar o Brasil de volta aos trilhos — a economia não decolou. Deve ter sido o mau momento internacional que sempre volta para prejudicar a direita azarada, tadinha.

Agora o terceiro mandato do petista mostra bons números novamente logo nos primeiros seis meses, e é claro que ia voltar a tese do Lula sortudo.

Eu sei que existe a enorme possibilidade de ninguém acreditar nisso, e que o argumento só esteja sendo ressuscitado em nome da narrativa — o que pra mim já é um tremendo erro porque se tem uma coisa de que o brasileiro não abre mão é de uma forcinha do sobrenatural, pra muita gente ser sortudo é um quesito que devia constar no currículo de qualquer candidato a presidente.

E quando você elege um animal do naipe do Bolsonaro, um sujeito que passou quatro anos testando os limites do que qualquer funcionário público pode fazer sem ser demitido por justa causa, não dá para culpar a conjuntura internacional ou o azar.

CONFORME SOLICITADO
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