Jair nega ser Bolsonaro
Renato Terra
Empenhado em se defender diante do TSE, Jair negou que tenha reunido embaixadores para atacar, sem provas, as urnas eletrônicas. "Aquilo ali foi tirado de contexto. Eu sabia que as urnas eletrônicas iam me atacar. Esse fato foi comprovado quando a apuração foi concluída. Levei uma surra das urnas. Isso tá amplamente documentado, só não vê quem não quer. Eu precisava me defender. Foi só isso", explicou o ex-presidente, que completou: "Vai me dizer que agora a Constituição proíbe o cidadão brasileiro de se defender? A ditadura comunista quer o quê? Que a gente leve um tapa na cara e ofereça a outra face? Onde já se viu uma viadagem dessas?".
Em seguida, Jair negou que tenha conhecimento da minuta do golpe encontrada na casa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres. "Aquilo ali foi tirado de contexto. O que eu fiz foi elogiar ditadura, exaltar torturadores, desejar a morte de 30 mil pessoas e o fechamento do Congresso, atacar a imprensa, ameaçar a democracia. Em que lugar do mundo isso seria qualificado como golpe de Estado? A verdade que não querem que você saiba é que estão armando um golpe contra mim", argumentou.
Em suas redes sociais, Jair negou ter afirmado que as vacinas continham grafeno. "Aquilo ali foi tirado de contexto. Sou entusiasta do grafeno, esse material que pode revolucionar a indústria eletrônica. O que eu disse é que o grafeno, se bem empregado, pode ser uma vacina contra a desigualdade social. O problema é que a esquerda só quer aumentar a desigualdade social", concluiu.
Sobre as operações da Polícia Rodoviária no dia da eleição, Jair negou que tivesse conhecimento da existência de uma Polícia Rodoviária e de uma eleição.
Depois de negar a si mesmo diante diante do espelho por três vezes, Jair negou que tenha sido presidente. "Aquilo ali foi tirado de contexto. Eu morei, sim, um tempo em Brasília. Aí a imprensa golpista queria implantar a pauta abortista e distorceu tudo. Vocês me viram passar a faixa presidencial pra alguém? Então provem que fui presidente, caralho!"
Por fim, exausto, Jair negou que seu sobrenome é Bolsonaro. "Eu? Bolsonaro??", confrontou, enfático. "Quem garante? Onde tá escrito isso aí? Nem Jair eu sou. Tudo isso aí foi tirado de contexto", exaltou, enquanto alertava a tradicional família brasileira para o risco de os comunistas alterarem as certidões de nascimento de seus filhos.
FOLHA
Ilustração de Débora Gonzales