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    sexta-feira, junho 30, 2023

    5 coisas pra gente pensar diante dessa situação toda dos bilionários que ficaram presos no fundo do mar após usar um tubo metálico gigante como submarino


    JOAO LUIS JR

    Acima de uma certa faixa de renda o cérebro humano começa a funcionar de maneiras esquisitas: Imagine que você tenha acesso, neste momento, a um milhão e meio de reais. Sim, um milhão e meio de reais, limpo, líquido, ali de bobeira na sua mão, pra tu usar como quiser, sem julgamento algum, sem se preocupar com as leis dos homens – só valem pra quem tem baixa renda – e nem com as leis de deus – isso aí tu resolve depois. O que você faria?

    Baixíssimas são as chances de que a sua resposta seja “gastaria tudo numa viagem submarina dentro de um veículo improvisado para ver os restos do Titanic”, e isso provavelmente se deve ao fato de que a mente de um ser humano normal, com contas pra pagar, trabalho por fazer e banheiro pra lavar durante mês frio, opera de maneira totalmente diferente da cabeça de um bilionário, que no geral não trabalha, tem acesso a absolutamente qualquer coisa que deseja e praticamente não tem mais nenhuma referência de como o mundo real funciona.

    E isso explica, em grande parte, o sentimento de invulnerabilidade necessário para se enfiar dentro de uma manilha de metal feita com partes reaproveitadas e controlada por um joystick de videogame e pensar “vai dar nada” e a segurança financeira necessária para estar disposto a pagar por isso.

    Bilionários realmente não são mais espertos que a gente: Nós já falamos aqui, o Elon Musk vem provando toda semana no Twitter e um bilionário britânico foi até o fundo do mar para nos lembrar que a grande diferença intelectual entre um bilionário e um não-bilionário quase sempre é apenas os bilhões.

    A empresa do bilionário não precisa ser mais bem administrada do que a pastelaria do Seu Neca, já que o bilionário pode sonegar impostos e mudar leis, coisa que o Seu Neca não consegue. O bilionário não precisa ser especialmente criativo, já que ele pode apenas comprar ou roubar ideias de pessoas que são. O bilionário não precisa nem mesmo fazer investimentos exatamente inteligentes, já que muitas vezes o dinheiro dele é tão importante que o próprio governo oferece ajuda se ele quebrar.

    Isso porque o simples fato de ter bilhões, tenham eles sido obtidos da maneira que for, cria uma verdadeira redoma de proteção em torno da pessoa, fazendo com que pra que algo realmente ruim aconteça com ela seja necessário um esforço praticamente sobre-humano, envolvendo alguma atitude tão extrema como, sei lá, se enfiar dentro de uma manilha de metal feita com partes reaproveitadas e controlada por um joystick de videogame.

    Liberalismo pode sim colocar vidas em risco: Ninguém aqui vai negar que é gostoso demais reclamar do governo. Você paga aquela DARF e fala que imposto é roubo, você vê aquele lance de quanto custaria a gasolina sem as taxas e por 15 minutos vira anarquista, você tenta quebrar um côco no play do seu prédio, as pessoas acham que é tiro, você quase é detido e cada vez mais defende o fim da polícia como ela existe hoje em dia.

    Mas ainda assim existem diversas coisas em que algum nível de autoridade central se mostra essencial, e uma delas é o controle de qualidade dos diversos produtos. Por mais que pareça inofensiva a ideia de cada um poder fabricar seu próprio chocolate, colocar pra vender e foda-se, ou fabricar seu próprio submarino, meter na água e foda-se, é um mínimo de controle e fiscalização que impede que, por exemplo, seu chocolate seja 70% cacau mas 20% cal e 10% inseto moído ou que o submarino em que você pagou pra passear não seja refém de absolutamente nenhuma norma técnica e atinja 3 mil metros de profundidade mesmo tendo rejunte feito de maisena, lataria de Chevette Junior e só abrindo pelo lado de fora.

    Evite viagens em veículos controlados por um joystick Logitech que você conseguiria comprar na Uruguaiana: Imagine que você esperou 40 minutos no ponto de ônibus, chegou o 470C, Taquara x Central, abriu a porta, você subiu, o motorista estava controlando o ônibus usando um joystick que você reconheceu como sendo daquele Polystation que tu recebeu em 2003 quando tinha pedido um Playstation 2 de aniversário e aí ele falou “confia que o pai tá chave nessa”. Tu desceria, não é? Agora imagine se fosse um ponto de submarino. 

    CONFORME SOLICITADO

    https://conformesolicitado.substack.com/i/129975388/coisas-pra-gente-pensar-diante-dessa-situacao-toda-dos-bilionarios-que-ficaram-presos-no-fundo-do-mar-apos-usar-um-tubo-metalico-gigante-como-submarino

     

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