O legado de Jair é uma bomba
LEONARDO SAKAMOTO
Um bolsonarista plantou um explosivo em um caminhão de combustíveis perto do Aeroporto Internacional de Brasília nesta véspera de Natal - que só não detonou devido à incompetência do sujeito. Segundo a polícia, ele veio do Pará para participar da aglomeração golpista no entorno do quartel-general do Exército. O ato terrorista nos alerta, mais uma vez, que o legado de Jair é uma bomba.
Estamos colhendo agora o resultado de anos de cultivo de discursos violentos, golpistas, insanos e psicopatas do presidente da República junto aos seus seguidores mais radicais. Para uma camada da população, houve fraude nas urnas em meio a um complô internacional que envolve bilionários pedófilos, fabricantes de vacinas chinesas, Fidel, Che, Marx, Lenin e, claro, Leonardo Di Caprio.
Frustrados com o Exército e o "mito" por nada terem feito para cumprir a profecia de golpe militar, alguns foram às cabeças, queimando ônibus e carros na capital federal e caminhões no Mato Grosso e atirando em policiais no Pará. Agora, dão um passo além, colocando uma bomba em um caminhão de combustível para chamar a atenção do mundo, na torcida por desencadear uma revolução.
Para além da necessidade de redobrar a segurança no Primeiro de Janeiro, quando centenas de milhares de brasileiros estarão celebrando o fim deste período autoritário em Brasília, faz-se necessário que o novo governo tenha um plano bem definido para desmobilizar o legado violento de Jair Bolsonaro. O ministro da Justiça em exercício, Flávio Dino, sabe o tamanho do desafio.
No dia 17 de maio, Bolsonaro afirmou que o uso de armas é necessário para a garantia de preservação da democracia, sua visão violenta de democracia no caso. E deixou claro: "Não interessa os meios que um dia porventura tenhamos que usar". Jair não pediu textualmente a ninguém para plantar uma bomba perto do aeroporto. Mas, convenhamos, nem precisava.