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    domingo, novembro 20, 2022

    Uma Copa cenográfica

     

     Operários da obra do metrô em frente ao estádio Al Thumama em Doha, no Catar

    Martín Fernandez

     O sol já foi embora faz duas horas em Doha, mas o calor ainda é forte o suficiente para não ser abalado pelo vento que vem do norte. Na vastidão de concreto transformada em cenário do Fifa Fanfestival – uma espécie de Rock In Rio do futebol – as pessoas têm pressa, têm sede e, sobretudo, têm dinheiro.

    A venda de cerveja só é permitida a partir das 19h, depois da última reza do dia, e a fila para pagar quase R$ 75 por um copo tem dezenas de metros e faz curvas. Dentro dos estandes, o funcionário da cervejaria usa um megafone para provocar em inglês: "Vocês estão prontos?"

    A longa fila, guardada por dezenas de seguranças uniformizados, urra de volta. Assim que o relógio permite o início da venda, as selfies começam a brotar nas redes sociais. As cenas não lembram em nada o país que controla tão severamente a venda e o consumo de bebida alcoólica. Dos muros da Fifa para dentro, a mágica acontece.

    Para melhor atender aos jornalistas que estão no país, o Comitê Organizador armou uma sala de imprensa ampla, confortável e bem localizada. Uma das paredes internas está decorada com um gráfico cheio de números que embasam um suposto bem estar dos trabalhadores que ergueram esta Copa do Mundo cenográfica.

    Um esforço de propaganda para tentar neutralizar as denúncias sobre as condições de trabalho de imigrantes no Catar. Outra parede ostenta a propaganda de uma roupa tecnológica usada pelos operários, capaz de reduzir a temperatura da pele em até 8 graus centígrados.

    Basta uma caminhada de algumas quadras em qualquer direção e é possível ver o mundo real das obras ainda em curso em Doha. Trabalhadores encharcados de suor, camisetas amarradas na cabeça para atenuar os efeitos do calor, rostos inteiramente cobertos, óculos escuros a proteger os olhos, corpos largados sob qualquer mínima sombra disponível.

    Nunca o tempo de preparação para a Copa do Mundo foi tão curto – uma semana. E nunca uma semana demorou tanto para passar. Enquanto a bola não rola, é impossível escapar da sensação de um torneio estranho, fora de lugar no tempo e no espaço, disputado num grande cenário, perfeito para a TV, mais em estúdios do que em estádios.

    Claro que há centenas de torcedores insanos da Tunísia escoltando a chegada do ônibus do time ao hotel como se fossem uma torcida organizada do Brasil, claro que há meia dúzia de argentinos exibindo seu racismo orgulhoso com uma música asquerosa contra jogadores franceses. Mas a sensação ainda é a de um grande evento corporativo como substituto da tradicional reunião de gente de todas as partes do mundo em torno da paixão pelo mais popular dos esportes.

    Os arranha-céus de Doha estão enfeitados com painéis gigantes – mas gigantes mesmo, descomunais – dos craques que vão jogar o Mundial. Um lembrete onipresente para esta cidade sem aura de Copa do Mundo de que um campeonato está prestes a começar. Um esforço, mais um, de tentar direcionar a atenção de quem veio até aqui para os protagonistas do jogo. Um aviso de que, enfim, haverá futebol. 

    GLOBO

     

     

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