This site will look much better in a browser that supports web standards, but it is accessible to any browser or Internet device.



blog0news


  • O BRASIL EH O QUE ME ENVENENA MAS EH O QUE ME CURA (LUIZ ANTONIO SIMAS)

  • Vislumbres

    Powered by Blogger

    Fragmentos de textos e imagens catadas nesta tela, capturadas desta web, varridas de jornais, revistas, livros, sons, filtradas pelos olhos e ouvidos e escorrendo pelos dedos para serem derramadas sobre as teclas... e viverem eterna e instanta neamente num logradouro digital. Desagua douro de pensa mentos.


    sábado, outubro 29, 2022

    Lula sai em condições de ganhar e levar

     Lula durante o debate da Globo. Foto: Ricardo Stuckert

    

    Marcos Coimbra.

     

    Estamos perto do fim de um longo
    processo eleitoral da mesma for-
    ma como nele entramos. Desde o
    início, tudo indicava que Lula ganharia
    a eleição, fosse no primeiro ou no segun-
    do turno. Existia a chance de que vences-
    se logo, mas não era elevada e não veio.
    Sempre foi favorito para ser o próximo
    presidente. Com as informações dispo-
    níveis hoje, há, no entanto, uma expecta-
    tiva que não deve se confirmar: a vitória
    de Lula não será por margem tão gran-
    de quanto chegou a parecer. Nada suge-
    re que obterá os 20 pontos de frente que
    alcançou entre abril e maio deste ano.

     
    Claro, pode-se argumentar que as pes-
    quisas superestimavam a vantagem, que
    nunca teria sido, efetivamente, tão grande.
    Como o voto em Bolsonaro foi maior, no
    primeiro turno, do que se esperava, é pos-
    sível imaginar que a diferença entre os dois
    teria sido menor, caso a eleição ocorres-
    se antes. Não há, no entanto, como saber.

     
    O que aconteceu nos últimos quatro,
    cinco meses? Por que Lula chega ao fim
    do processo com uma intenção de voto
    menor do que atingiu? São dois os mo-
    tivos principais. De um lado, fez esco-
    lhas que tiveram consequências. De ou-
    tro, Bolsonaro cometeu uma montanha
    de ilegalidades, tratadas por nosso siste-
    ma político e pelo Poder Judiciário com
    tolerância descabida.

     
    Em abril e maio, quando a vitória de
    Lula, por ampla margem, se tornou qua-
    se certeza, vimos o que costuma aconte-
    cer nas eleições brasileiras: foi todo mun-
    do bater à porta do favorito, como é típi-
    co de uma cultura política na qual nin-
    guém espera ou cobra dos atores coerên-
    cia e alinhamentos duradouros. Salvo ex-
    ceções de praxe, a vasta maioria de nosso
    sistema político estava pronta a aderir ao
    ex-presidente. Alguns de forma explíci-
    ta, outros de maneira velada, em armis-
    tícios e pactos de não agressão.

     
    Caso Lula abrisse a porta, mesmo que
    um pouco, ele poderia ter consolidado
    sua dianteira ainda mais e, ao mesmo
    tempo, limitado o crescimento do adver-
    sário. Quem sabe, a ponto de estar hoje
    com a mesma larga vantagem que as pes-
    quisas de então apontavam. Só dependia
    dele a decisão de abri-la ou não, mas ha-
    via custos a considerar. Cada um desses
    aliados de ocasião queria alguma coisa e
    fixava um preço.

     
    Ofereceram-se a Lula três tipos
    principais de apoios: a) de uma parcela
    grande da liderança evangélica, particu-
    larmente das igrejas neopentecostais; b)
    de algumas lideranças de partidos fora
    de sua aliança, especialmente governa-
    dores na disputa pela reeleição; c) de um
    pedaço importante do empresariado, in-
    clusive do mercado financeiro.

     
    Naquela altura, as preferências do elei-
    torado evangélico ainda eram disputadas
    entre Lula e o capitão, e importantes igre-
    jas não haviam se comprometido com um
    ou outro (mesmo que tivessem suas incli-
    nações). Muitas procuraram Lula e esta-
    vam dispostas a apoiá-lo. Quanto a Bol-
    sonaro, ainda não tinha o voto de dois em
    cada três evangélicos, como teve, cerca de
    metade de sua votação no primeiro turno.

     
    Na mesma época, o que mais queriam
    governadores como os do Rio de Janei-
    ro e Minas Gerais era que Lula se abs-
    tivesse nas eleições locais, em troca de
    apoio ao petista ou, no mínimo, o com-
    promisso de não fazer oposição. País afo-
    ra, candidatos de vários partidos propu-
    seram acordos semelhantes, desrespei-
    tando suas alianças e querendo que Lula
    ignorasse as dele. Para o empresariado, o
    relevante era o ex-presidente se compro-
    meter com nomes para o primeiro esca-
    lão e propostas de seu agrado. Não ofere-
    ciam simpatia, mas recuariam na oposi-
    ção ostensiva e não deixariam que seus
    representantes no Congresso se manco-
    munassem com o capitão.

     
    Lula poderia ter aceitado, mas não quis,
    e assim deixou esses setores, por falta de
    opção, com o capitão. Talvez tenha dimi-
    nuído a margem de sua vitória, mas au-
    mentou a chance de fazer o governo que
    imaginava, com um nível aceitável de con-
    temporizações. Abriu mão de um resulta-
    do mais folgado para ter a chance de go-
    vernar menos preso a gente como essa.

     
    Quanto à bandalheira aprontada por
    Bolsonaro e sua turma, com a mais ver-
    gonhosa utilização de recursos públicos e
    do aparelho de Estado de nossa história,
    pode ter ajudado a diminuir a vantagem
    de Lula, à custa de um emporcalhamen-
    to das instituições que vai demorar a ser
    limpo. Nosso sistema político tratou o ca-
    pitão como uma criança mimada, que em-
    birra se não a deixam espalhar sua sujeira.

     
    Ao fazer o que achava correto e, princi-
    palmente, ao não fazer o que queriam que
    fizesse, Lula sai da eleição em condições
    de ganhar e levar. Sua antessala estará li-
    vre de bispos picaretas, políticos oportu-
    nistas e empresários espertalhões. Mui-
    to melhor para ele e para o Brasil.

    CARTA CAPITAL

    0 Comentários:

    Postar um comentário

    Assinar Postar comentários [Atom]

    << Home


    e o blog0news continua…
    visite a lista de arquivos na coluna da esquerda
    para passear pelos posts passados


    Mas uso mesmo é o

    ESTATÍSTICAS SITEMETER