Engrenagem de mentiras
"Em relação a algumas pessoas jurídi-
cas do “ecossistema”, Gonçalves aceitou
certos pedidos da equipe de Lula. Deter-
minou ao YouTube que pare de pagar
quatro canais que ganham dinheiro com
fake news de interesse do presidente. As
empresas atingidas são Foco do Brasil,
Folha Política, DR News e Brasil Parale-
lo. São empreendimentos que cresceram
durante o mandato de Bolsonaro. As du-
as primeiras têm cerca de 2,5 milhões de
seguidores cada uma e faturam, indivi-
dualmente, perto de 67 mil dólares por
mês (quase 350 mil reais) com conteú-
do no YouTube. O dono da Foco do Bra-
sil, Anderson Rossi, tem acesso facilita-
do aos palácios do governo. Os da Folha
Política, Ernani Fernandes Barbosa Ne-
to e Thais Raposo do Amaral Pinto Cha-
ves, receberam, entre 2017 e 2018, recur-
sos de um deputado, Fernando Francis-
chini, cassado pelo TSE em 2021 por ter
espalhado mentiras sobre as urnas na
campanha de 2018.
A Brasil Paralelo pertence a um trio
gaúcho: Filipe Schossler Valerim, Hen-
rique Leopoldo Damasceno Viana e Lu-
cas Ferrugem de Souza. Trata-se de uma
produtora de conteúdo que tem serviço
de streaming, algo do gênero da Netflix.
É outro caso de crescimento vertigino-
so no atual governo. Sua receita anual
dobrou, anda pela casa dos 60 milhões
de reais. A empresa lançaria na segun-
da-feira 24, início da última semana da
eleição, o documentário Quem Mandou
Matar Jair Bolsonaro, no qual apresen-
taria três teorias (conspiratórias) sobre
a facada de Adélio Bispo. O corregedor
do TSE proibiu a exibição do documen-
tário antes do fim do segundo turno e
definiu multa de 500 mil reais por dia,
em caso de exibição indevida.
Seria coincidência o documentário ir
ao ar na reta final da campanha? Cheira,
na verdade, a um repeteco de algo visto
na véspera do primeiro turno. Em 1° de
outubro, o site lavajatista O Antagonista
“noticiou”, com base em papelada da Po-
lícia Federal, que Marcola, chefe do PCC,
teria declarado voto em Lula, em conver-
sa gravada. A gravação faria parte de uma
batida policial de agosto para desvendar
um suposto plano de fuga de líderes da
facção. Moraes mandou tirar do ar a “no-
tícia”, por se tratar de mentira: condena-
do não vota."