Prevent Senior: Crime continuado
"O número de famílias cujos direitos
contratuais e humanos foram negados
pela operadora durante a pandemia po-
de, no entanto, ser bem maior do que se
imagina. Levantamento exclusivo obtido
por CartaCapital revela que, entre 2020
e 2022, a empresa foi alvo de mais de 600
ações por recusar medicamentos, cirur-
gias e internações, a despeito de laudos
médicos favoráveis, e suspender trata-
mentos oncológicos. A Prevent Sênior,
em nota, refutou a interrupção de aten-
dimento a pacientes de câncer, mas es-
ta revista reuniu dezenas de processos
em que clientes do plano ingressaram na
anos vítima de um linfoma teve o atendi-
mento em casa rejeitado, embora o serviço
constasse das cláusulas do contrato. Em
outro, um homem de 65 anos com câncer
de próstata reclama da recusa de uma la-
paroscopia, cirurgia menos invasiva. Na
ocasião, o médico informou que o plano
havia suspendido esse tipo de procedi-
mento. No mesmo ano, 2021, em entre-
vista ao jornal Valor, Fernando Parrillo,
presidente da Prevent Sênior, gabou-se,
porém, da estrutura oferecida aos clien-
tes: “Temos vários exemplos de alta com-
plexidade. Iniciamos cirurgia robótica pa-
ra operar inflamações da próstata, por
exemplo”. O procedimento consta ainda
do programa de residência médica da em-
presa, segundo descreve a ação judicial.
Em um terceiro processo, um paciente
com metástase no pâncreas viu-se obri-
gado a acionar a Justiça para que o me-
dicamento quimioterápico fosse forneci-
do, após sucessivas negativas do plano de
saúde. As centenas de ações judiciais pes-
quisadas por CartaCapital tramitam no
estado de São Paulo e aparecem no site do
Tribunal de Justiça. “A seguradora não
está habilitada, tampouco autorizada, a
limitar as alternativas possíveis para o
restabelecimento da saúde do segura-
do, sob pena de colocar em risco a vida
do consumidor”, anotou um dos juízes."