Lula antecipa lógica do 2º turno para alcançar além de Alckmin
Bruno Boghossian
Pouco depois de um encontro com Lula, em maio passado, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso fez juras de lealdade ao PSDB. Disse que apoiaria um nome de seu partido à Presidência em 2022, mas acrescentou que, se o candidato tucano não chegar ao segundo turno, votará em qualquer um contra Jair Bolsonaro –"mesmo o Lula", completou.
O PT age para antecipar essa lógica do segundo turno. A ideia é aproveitar o favoritismo de Lula apontado pelas pesquisas, a descrença com a decolagem da tal terceira via e a sólida rejeição a Bolsonaro para atrair nomes de centro e centro-direita para o campo petista ainda nas etapas iniciais da campanha deste ano.
A aproximação de Lula com figuras históricas do PSDB segue esse princípio. O petista tem buscado políticos que foram seus adversários no passado, mas poderiam apoiá-lo caso a corrida mantenha o desenho de um embate direto entre ele e Bolsonaro. Além de FHC e Geraldo Alckmin, Lula já se encontrou com Aloysio Nunes, Arthur Virgílio, Tasso Jereissati e Marconi Perillo.
Ainda que muitos tucanos descartem um alinhamento com Lula agora, há consenso nos dois lados de que o cenário atual requer a construção de uma base mínima para derrotar o atual presidente. Os petistas gostariam que uma frente ampla se desenhasse ainda no primeiro turno (caso outros candidatos se mostrem inviáveis), mas topam deixar a porta aberta para o segundo turno.