Partido da Lava Jato

"Agora sem o disfarce da
toga, o ex-magistrado
veste o figurino de um
candidato convencio-
nal. Diz defender o li-
vre mercado e dar novo impulso às pri-
vatizações, ao mesmo tempo que prome-
te erradicar a pobreza e combater a cor-
rupção. Não se cansa de repetir os lou-
ros da Lava Jato. “Mais de 4 bilhões de
reais foram recuperados dos criminosos
e tem uns 10 bilhões previstos ainda pa-
ra serem devolvidos. Isso nunca aconte-
ceu antes no Brasil”, diz o ex-juiz, agora
candidato – alguém notou a diferença?
Evidentemente, o presidenciável esque-
ceu-se de mencionar o estudo do Dieese
que estimou o impacto da operação na
economia. Para recuperar esses valo-
res, a Lava Jato dizimou 4,4 milhões de
empregos e fez o Brasil perder 172,2 bi-
lhões de reais em investimentos de 2014
a 2017, sobretudo na construção civil e
no setor de petróleo e gás. “O bolsona-
rismo é filho legítimo do lavajatismo”,
observa o advogado Marco Aurélio de
Carvalho, coordenador do grupo de ju-
ristas Prerrogativas, que desde o início
denuncia os abusos cometidos na ope-
ração. “Sob pretexto de combater a cor-
rupção, a Lava Jato corrompeu o nosso
sistema de Justiça, deixando um rastro
luminoso de pobreza e miséria no País.”
Moro não estará, porém, sozinho nes-
ta caminhada. Poderá ter a companhia
de outros quadros do “Partido da La-
va Jato”, como o ex-procurador Deltan
Dallagnol, que acaba de deixar o Minis-
tério Público Federal e não esconde suas
ambições políticas, e o ex-PGR Rodrigo
Janot, que acena com a mesma possibi-
lidade. Após o vazamento das conver-
sas da turma pela “Vaza Jato”, a explici-
tar o conluio entre o juiz e os procurado-
res, o figurino de “herói anticorrupção”
talvez não caiba mais nos novos postu-
lantes eleitorais. Mas, apesar das pedra-
das que certamente receberão nos pró-
ximos meses, Moro e Dallagnol contam
com o eleitorado visceralmente antipe-
tista para ocupar o tão sonhado – e ain-
da interditado – espaço da terceira via."
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