Diversão Homicida
"Jhordan Luiz de Oliveira Na-
tividade, 17 anos, e Edson de
Souza Arguinez, de 20, não
tinham antecedentes crimi-
nais, não portavam pistolas
ou fuzis, não carregavam drogas ou ra-
diotransmissor, não dirigiam veículo
roubado, não tinham ligação comprova-
da com tráfico ou milícia, não desacata-
ram ordens das autoridades nem de-
monstraram resistência quando foram
“abordados” por dois policiais militares
em uma rua de Belford Roxo, cidade da
Baixada Fluminense, na madrugada de
12 de dezembro. Os dois foram recebi-
dos a tiros pelos agentes quando passa-
vam de moto à uma da madrugada, alge-
mados em seguida, agredidos no chão e
colocados na viatura, movimentação fil-
mada por câmeras de segurança não
percebidas pelos policiais. Os corpos fo-
ram encontrados a 8 quilômetros de dis-
tância no dia seguinte, Jhordan com um
tiro na cabeça e Edson com duas perfu-
rações na barriga e uma nas costas.
“Dois rapazes não podem andar numa
moto só porque são pretos?”, perguntou
em desespero a mãe de Edson, Renata
Santos de Oliveira, durante o enterro
do filho. Neste ano, apesar de o Supre-
mo Tribunal Federal ter proibido ope-
rações policiais nas periferias cariocas,
a PM do Rio continua a matar inocentes,
em geral pobres e pretos. A morte cruel
e banal dos amigos soma-se ao assassi-
nato do adolescente João Pedro, abatido
em casa, em São Gonçalo, em maio, e ao
das primas Emilly Victoria, de 4 anos, e
Rebeca Beatriz, de 7, enquanto brinca-
vam na porta de casa, em Duque de Ca-
xias, no início do mês."
LEIA REPORTAGEM DE VICTOR CALCAGNO