O centro imaginário
"Luciano Huck, Sergio Moro, João Doria Jr., Hamilton Mourão, Luiz Henrique Mandetta. O que esses nomes têm em comum? Todos votaram em Jair Bolsonaro em 2018 e todos têm a pretensão de suceder a Jair Bolsonaro em 2022. O que mais eles têm em comum? Com exceção de Huck, todos serviram a Bolsonaro ou se serviram de Bolsonaro em algum momento nos últimos dois anos. Huck, além do voto, disse apenas que o capitão tinha “uma chance de ouro de ressignificar a política no Brasil’’. Registre-se, porque não é uma frase trivial – e ninguém tem o direito de alegar inocência a respeito de Bolsonaro. Seu governo é um desdobramento fiel do que ele sempre disse e sempre foi.
Com exceção do vice Mourão – mas não muito –, todos hoje são opositores de Bolsonaro – mas talvez também não muito. Vamos supor que a eleição em 2022 seja novamente “polarizada”. Vamos fingir, como exercício de imaginação, que Bolsonaro enfrentará Lula (ou Fernando Haddad), ou ainda Ciro Gomes no segundo turno. Seria, mais uma vez, “uma escolha muito difícil” entre “dois extremos” (já posso deixar pronto o editorial). Nesse cenário hipotético, em quem votariam Huck, Moro, Doria, Mandetta e Mourão? Não sabemos a resposta, obviamente, mas eu arrisco dizer que, com Ciro no jogo, talvez um ou no máximo dois deles votassem contra a reeleição da extrema direita. Se a disputa fosse contra o PT, todos eles arrastariam suas fichas mais uma vez para o lado do capitão. São essas pessoas que a imprensa vê como “alternativas de centro” na política brasileira."
leia artigo de Fernando de Barros e Silva: O centro imaginário