A polícia privada que guarda as vidraças do Carrefour
"É difícil brancos entenderem o que houve com José Alberto para além da violência brutal, porque para eles a distinção entre espaços públicos e privados é ininteligível: como brancos, estão acostumados a transitar com facilidade entre o privado e o público, em ambos vistos a priori como consumidores-cidadãos, ao passo que negros são vistos, no público, como cidadãos incompletos, a quem garantias legais não se aplicam e, no privado, como consumidores suspeitos cuja carne é barata e a dor gratuita.
Choram pelas vidraças porque elas representam o mundo que separa nós e eles, consumidores e vândalos. É essa distinção, racializada, que queremos destruir, não as vidraças. Antirracismo sem questionar capitalismo policial é uma vidraça, transparente para uns, pela desigualdade que evidencia, mas sagrada e opaca para outros, por encastelar as ilusões de que vivemos num mundo igual."
leia coluna de THIAGO AMPARO
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