Se perder, Trump aceitaria deixar o poder?
"Douglas traça três cenários para justificar sua inquietação — ou, nas
palavras dele, três “catástrofes”. A primeira envolve aquilo que os
americanos chamam de “delegados infiéis”: designados por um estado para
votar num candidato, acabam votando noutro. Bastaria, numa eleição
apertada, que dois representantes da Pensilvânia inventassem de votar no
senador Mitt Romney em vez de Trump para haver um impasse. A segunda
“catástrofe” supõe um ataque cibernético que corte a luz em Detroit no
dia da eleição, tire de Biden uns 300 mil votos e dê a vitória a Trump
no Michigan. Estaria então aberta a disputa em torno de um novo
escrutínio. Em ambas as hipóteses, o Senado, encarregado de contar os
votos do Colégio Eleitoral (sob o comando do vice Mike Pence) se veria
obrigado a decidir entre dois vencedores, um apresentado pelo Executivo
estadual (democrata), outro pelo Legislativo (republicano). A terceira
“catástrofe” envolve a apuração lenta dos votos pelo correio,
multiplicados em virtude da pandemia. Trump poderia ser declarado
vencedor por redes de TV, para depois Biden virar o jogo nos três
estados decisivos ao longo dos dias seguintes, sob as invariáveis
invectivas de fraude no Twitter (Douglas tem um talento especial para
incorporar Trump quando imagina o texto dos tuítes).
Nenhuma das três hipóteses é fantasia. Todas já aconteceram."