Como o mundo enfrentaria o novo coronavírus se a pandemia estourasse em 1990?
"O ano é 1990. Um vírus misterioso começa a se espalhar a partir de um surto localizado e, pouco a pouco, ganha bairros, cidades, estados, países e continentes inteiros. A trajetória exponencial do patógeno lota hospitais com pacientes com insuficiência respiratória. Cientistas especulam a partir dos quadros mais severos a ação de um novo agente de transmissão respiratória, mas, com a tecnologia disponível, levariam meses para identificá-lo.
Até lá, centenas de milhares mortes, talvez milhões, dessa hipotética “Covid-90” teriam se acumulado ao redor do planeta. As primeiras nações a receber o vírus pelas fronteiras aéreas ou terrestres sofreriam com a carência de informações sobre a evolução da doença. Sem testes do tipo RT-PCR, capazes de detectar o vírus, seria ainda mais difícil executar o rastreamento de contatos e a transmissão assintomática se daria de forma avassaladora.
O exercício de imaginar uma pandemia de coronavírus há 30 anos ajuda a desenhar a dimensão dos avanços científicos nas últimas três décadas nas medidas de combate ao sars-CoV-2. Especialistas não têm dúvidas de que o mundo enfrentaria a doença com as ferramentas disponíveis à época, mas certamente a um custo humano ainda mais alto do que agora."