Presidente da Republica e dublê de censor
EMERSON MARANHÃO
Fui oficialmente censurado pelo senhor presidente da República.
É inacreditável, é surreal, é distópico, mas é a verdade.
Ontem, em sua live semanal, Jair Messias anunciou que "garimpou na Ancine filmes que estavam prontos para ser captados recursos no mercado. Olha o nome de alguns! O nome e o tema".
O primeiro filme que ele cita é "Transversais", que na verdade é uma série para TV, projeto meu e de Allan Deberton, que estava na final de um edital da Empresa Brasil de Comunicação (EBC). A série é um desdobramento do curta-metragem "Aqueles Dois", dirigido por mim e produzido por Allan, premiado nacional e internacionalmente (que nas próximas semanas será exibido nas competições oficiais de quatro festivais, um deles na Argentina).
Ou seja, se Jair Messias citou nominalmente o projeto (e só foram quatro os que ele citou) é porque ele ganhou o edital, cujo resultado ainda não foi anunciado. Só que não será realizado porque ele impediu publicamente. Ou, em suas palavras, "abortou a missão".
Fico aqui pensando se é possível legalmente um presidente impedir a realização de um projeto vencedor de um edital federal. Mas, ao mesmo tempo, não é de hoje que o cumprimento de leis não faz muito sentido nesse País.
O mais engraçado é que o projeto concorreu na categoria específica "Diversidade de Gênero", criada justamente para contemplar séries que abordassem o tema.
Que tempos, senhores! Que tempos!
Quem quiser ler a matéria que relata a censura de Jair Messias e seu novo ataque a Ancine: https://br.noticias.yahoo.com/bolsonaro-veto-recurso-filmes…