E Viva a Farofa!: Saudade da tirania em ursos e humanos
"É fascinante a história dos ursos dançantes revisitada pelo autor. Por tradição "secular só interrompida com a implosão do comunismo, famílias de ciganos assentadas na Bulgária domesticavam filhotes de ursos e ensinavam-nos a dançar em condições cruéis. Com as duas patas traseiras pisando em chapas de metal quente, o resto do corpo permanecia erguido. Eram puxados pelas ruas das aldeias por uma corrente que lhes atravessava as narinas, parte mais sensível do animal, e exibidos em feiras, farras e labutas. Aprenderam a viver em condições humanas, comendo pão e bebendo álcool, e eram submetidos a trabalhos contínuos, roubando-lhes a inclinação natural à hibernação no inverno. Desaprenderam a ser ursos. Foi extremamente difícil ensinar liberdade a animais que jamais foram livres. Alguns desses ursos chegavam a erguer o corpanzil para equilibrar-se em duas patas quando se deparavam com humanos. Tornaram-se nostálgicos da tirania, assim como os personagens da segunda parte do livro."
mais na coluna de DORRIT HARAZIM
E Viva a Farofa!: Saudade da tirania em ursos e humanos