"Ficou claro desde junho de 2013 que a maneira como o sistema funcionava
já não era aceitável e que as forças políticas já não estavam
conversando, porque estavam só fazendo cálculo eleitoral. Como o sistema
político não se reorganizou para 2014, de acordo com as demandas de
2013, em 2015 a Lava Jato
já estava a pleno vapor. Ela se tornou o inimigo comum do sistema
político. Tudo o que ele fez foi contra a operação. Perdeu a chance
histórica em 2014 e se blindou em 2016 e 2018. A questão é a seguinte,
vocês passaram cinco anos errando. Em 2018, foi dado ao eleitorado duas
possibilidades: ou você deixa tudo como está ou você quebra tudo e
embaralha todas as peças. Optou por quebrar tudo. A imensa maioria votou
negativamente, contra o PT ou o sistema. A questão toda é como essa
frente democrática será capaz de convencer as pessoas que votaram em
Bolsonaro, mas que não têm essa opção pela ditadura, de que o seu
Governo ameaça a democracia e não vai responder a seus anseios.
Não existem 57 milhões de fascistas no Brasil. Se diante de todos os
erros ao longo de cinco anos ainda assim não tivermos uma repactuação, é
porque esse sistema político de fato não tem mais nenhuma capacidade,
nenhum vínculo com a sociedade. Ele tem dois anos, até as eleições
municipais, que preparam as eleições gerais, para se reorganizar. Senão,
vamos ter um longuíssimo período de instabilidade. E o impeachment vai
durar."
leia entrevista de MARCOS NOBRE para FELIPE BETIM
Marcos Nobre: “Bolsonaro foi o candidato do colapso e precisa dele pra se manter no poder” | Brasil | EL PAÍS Brasil