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    sexta-feira, março 09, 2018

    Intervenção federal no RJ: Jacqueline Muniz: “Empregar o Exército no Rio é uma teatralidade operacional de alto custo e baixa eficácia” | Brasil | EL PAÍS Brasil


     intervenção federal militar no RJ


    ""O Exército está composto por meninos novos e inexperientes que foram treinados para a ação em tropa, como blocos estáticos, e não para a tomada de decisão individual. O que é a polícia? Força comedida. Forças Armadas? Formas de espera para a ação. Polícia? Formas de agir no tempo real, antes, durante e depois. Ela toma decisões no aqui e agora a partir do seu medo, da sua incerteza, do seu perigo real. Porque a dinâmica criminal é causal e itinerante. As Forças Armadas lidam com o guerra, então não posso me dar ao luxo de cada um decidir de um jeito em uma batalha. Você tem que ter um comando, que é o que dá a superioridade. Se sou soldado e vejo um assalto, vou esperar um comandante dar ordem? Então o problema de colocar o Exército nas ruas em substituição à polícia, como no Complexo da Maré [entre abril de 2014 e junho de 2015], é que você perde capacidade de comando da tropa, que não sabe decidir individualmente. Cada soldado daquele não é talhado para essa tomada de decisão individual. Isso faz com que ele fique vulnerável a riscos, mais fácil de ser cooptado pela corrupção e mais suscetível a produzir violações e uso abusivo de forças. Não é a toa que o comandante-geral diz que isso é uma temeridade. E é. [Veja o vídeo abaixo]

    E não adianta prepará-los para ação de policiamento. É como se você pegasse a polícia e achasse que ela está apta para agir como corpo tático, como uma unidade blindada de guerra. Você sabota a cultura institucional, o ethos, a identidade, e você vulnerabiliza para dentro e para fora. A perspectiva do Exército produzir riscos operacionais é muito alta, mas não por má fé. O emprego é inadequado. A logística das Forças Armadas não é adequada para a mobilidade tática desejada no cenário urbano. Você coloca um canhão na praia de Copacabana, aí passa o fulano e rouba o cordão da moça. O que o canhão faz, dá um tiro e destrói tudo? Não vai poder fazer nada, é um carro alegórico. Pensa num soldado no Aterro do Flamengo, com seu capacete, com seu colete, com seu fuzil de sete quilos. O fulano assaltou, ele vai sair correndo atrás? É isso o que a polícia faria, mas o soltado é uma tartaruga correndo, por causa do peso. E ele não tem pleno mandato policial."

    "Para que servem esses blindados em pontos de visibilidade do Rio? Produzir o efeito de que o Exército se faz presente. Mas isso não gera qualquer impacto efetivo na incidência criminal. É uma teatralidade operacional de alto custo e baixo rendimento e eficácia. Você prendeu pessoas? Apreendeu coisas? Reduziu o crime? A cocaína ficou mais cara? Na Maré foram gastos no mínimo 350 milhões de reais, mas com 10% disso reestruturo toda a inteligência da Policia Civil, que apreende uma tonelada de cocaína ou um contêiner de armas."


    mais na entrevista por Felipe Betim​

    Intervenção federal no RJ: Jacqueline Muniz: “Empregar o Exército no Rio é uma teatralidade operacional de alto custo e baixa eficácia” | Brasil | EL PAÍS Brasil:

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