“O Governo e Belo Monte têm uma dívida impagável com a população do Xingu e de Altamira”

"Críticos de Belo Monte definiram a hidrelétrica de várias formas, sendo “mostruário de crimes ambientais” uma das mais assertivas. O projeto, pensado na ditadura e executado na democracia, trata da terceira maior hidrelétrica do planeta, depois da de Três Gargantas, na China, e da de Itaipu, na fronteira entre Paraguai e Brasil. Incluída no Plano de Aceleração Econômica da era de Lula e Dilma Rousseff, este megaprojeto inundou 500 quilômetros quadrados de selva amazônica e desalojou milhares de pessoas que perderam seu modo tradicional de vida, sua casa, sua alimentação, sua segurança e sua felicidade. “Foi feito sem consultar a sociedade local nem os povos indígenas”, denuncia, incansável.
As
consequências são bem palpáveis e, para a ativista, “terríveis e
irreversíveis”. Atualmente, a usina hidrelétrica está parcialmente em
operação, com seis de suas 18 turbinas funcionando há um ano. “O
primeiro impacto foi a divisão dos povos, uma estratégia da empresa
[Norte Energia, um consórcio com participação pública] e do Governo para
fragilizar os povos, que foram divididos e passaram a brigar uns com os
outros”, afirma. Ela se refere às compensações econômicas oferecidas
aos afetados. “Nunca tinham tido acesso a dinheiro, eram 30.000 reais
por comunidade para enfrentar as mudanças que iam sofrer, mas esse tipo
de ação foi uma estratégia para dividir: foi oferecido a algo entre 19 e
40 comunidades”, explica. Quem recebia os fundos eram os caciques,
então houve quem tenha decidido se separar de sua comunidade e formar
outra para se tornar chefe e receber o pagamento. “Isso fragmentou a
luta dos povos”, afirma."
leia reportagem de LOLA HIERRO
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