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    quarta-feira, novembro 01, 2017

    “O Governo e Belo Monte têm uma dívida impagável com a população do Xingu e de Altamira”

     Antônia Melo da Silva, em sua casa, dias antes de ser demolida.

    "Críticos de Belo Monte definiram a hidrelétrica de várias formas, sendo “mostruário de crimes ambientais” uma das mais assertivas. O projeto, pensado na ditadura e executado na democracia, trata da terceira maior hidrelétrica do planeta, depois da de Três Gargantas, na China, e da de Itaipu, na fronteira entre Paraguai e Brasil. Incluída no Plano de Aceleração Econômica da era de Lula e Dilma Rousseff, este megaprojeto inundou 500 quilômetros quadrados de selva amazônica e desalojou milhares de pessoas que perderam seu modo tradicional de vida, sua casa, sua alimentação, sua segurança e sua felicidade. “Foi feito sem consultar a sociedade local nem os povos indígenas”, denuncia, incansável.

    As consequências são bem palpáveis e, para a ativista, “terríveis e irreversíveis”. Atualmente, a usina hidrelétrica está parcialmente em operação, com seis de suas 18 turbinas funcionando há um ano. “O primeiro impacto foi a divisão dos povos, uma estratégia da empresa [Norte Energia, um consórcio com participação pública] e do Governo para fragilizar os povos, que foram divididos e passaram a brigar uns com os outros”, afirma. Ela se refere às compensações econômicas oferecidas aos afetados. “Nunca tinham tido acesso a dinheiro, eram 30.000 reais por comunidade para enfrentar as mudanças que iam sofrer, mas esse tipo de ação foi uma estratégia para dividir: foi oferecido a algo entre 19 e 40 comunidades”, explica. Quem recebia os fundos eram os caciques, então houve quem tenha decidido se separar de sua comunidade e formar outra para se tornar chefe e receber o pagamento. “Isso fragmentou a luta dos povos”, afirma."

    leia reportagem de LOLA HIERRO

    “O Governo e Belo Monte têm uma dívida impagável com a população do Xingu e de Altamira” | Brasil | EL PAÍS Brasil

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