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  • O BRASIL EH O QUE ME ENVENENA MAS EH O QUE ME CURA (LUIZ ANTONIO SIMAS)

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    Fragmentos de textos e imagens catadas nesta tela, capturadas desta web, varridas de jornais, revistas, livros, sons, filtradas pelos olhos e ouvidos e escorrendo pelos dedos para serem derramadas sobre as teclas... e viverem eterna e instanta neamente num logradouro digital. Desagua douro de pensa mentos.


    terça-feira, fevereiro 21, 2017






    "A letra do samba-enredo é uma homenagem à natureza e às tribos, e uma crítica ao homem branco que ameaça sua sobrevivência. “Jardim sagrado, o caraíba [referência ao homem branco] descobriu. / Sangra o coração do meu Brasil,/ o belo monstro [a hidrelétrica] rouba as terras dos seus filhos,/ devora as matas e seca os rios,/ tanta riqueza que a cobiça destruiu!”, diz a canção. Durante o desfile, haverá uma ala fantasiada de borrifadores de pesticida.

    Os acordes caíram feito uma bomba para os poderosos representantes do agronegócio, que vestiram a carapuça e se autointitularem os salvadores de um Brasil em crise. Associações de pecuaristas, plantadores de cana e até de engenheiros agrônomos fizeram um estardalhaço em cartas públicas de repúdio. “A abordagem generalista proposta pela Imperatriz Leopoldinense sobre o produtor rural, sem separar o joio do trigo, é incorreta, injusta e inadequada, com a tendência tipicamente alarmista que é característica da linha de pensamento pseudoambientalista”, disseram os engenheiros agrônomos em sua nota. “O produtor rural brasileiro deveria ser reverenciado por estar salvando o país da bancarrota há décadas, ao representar, por sua competência, 22% do PIB e gerar 37% dos empregos do país”, acrescentaram os ofendidos em suas cartas. Outras manifestações do mundo rural foram bem menos comedidas.

    Os responsáveis pela escola já nem se dão mais ao trabalho de ler os insultos que recebem desde que o enredo foi divulgado. “A polêmica deixou claro um enorme preconceito e racismo contra os índios e contra a escola”, lamenta o carnavalesco da Imperatriz, Cahê Rodrigues. “Nossa crítica se baseia no uso indevido de pesticidas que poluem rios, matam peixes e causam danos muito sérios na vida do ser humano, assim como outras agressões à natureza que levam os índios ao desespero. A escola nunca pretendeu ofender o agronegócio, foram eles que se sentiram aludidos.”"


    leia reportagem de MARIA MARTÍN

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