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    segunda-feira, fevereiro 20, 2017

    Morador de Vigário Geral que vende balas no Santos Dumont tem mais de cem fotos com artistas


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     O celular de Adauto Miguel quebrou e ele não tem R$ 140 para o conserto. Aos 17 anos, vive sozinho em uma quitinete em Vigário Geral, onde não há televisão nem geladeira, quase nada além de uma cama. Caiu na vida ao ser expulso de casa pelo padrasto, após uma briga, há pouco mais de um ano. Morou de favor com amigos e vendeu água na Praia de Ipanema, mas foi oferecendo balas no Aeroporto Santos Dumont que descobriu, além do ganha-pão, um jeito de ser notado.

    Desde que o aparelho se espatifou no chão, há uma semana, sua conta no Instagram está desatualizada. É lá que ele posta fotos nas quais aparece abraçando personalidades que só via na TV. Apesar da pressa para embarcar ou da vontade de entrar logo num táxi depois da viagem, quase todas param quando ele se aproxima.

    — Nunca tinha ido a um aeroporto. Quando cheguei lá pela primeira vez fiquei intimidado. Via famosos passando e queria chegar perto, mas não conseguia. Depois aprendi que posso falar com qualquer um, mesmo sendo tímido — diz Adauto, com uma porção de balas Halls nas mãos, chinelos nos pés e camisa e bermuda no corpo franzino.

    FLAGRADO POR PAPARAZZO

    Cento e dois famosos já posaram ao seu lado. Atores, cantores, atletas, músicos, bailarinas do Faustão e até um astro internacional: o roqueiro americano Chris Cornell. A primeira postagem foi em 28 de agosto, uma selfie com Rafaela Silva, poucos dias após a judoca conquistar o ouro olímpico. No dia seguinte, foi a vez de Sabrina Sato, que o abraça e encosta sua cabeça na dele. Para fechar o mês, Juliana Paes. Todos abrem largo sorriso: parecem gostar do garoto, que fotografa até quem não conhece muito bem, como João Carlos Martins. “O maestro que eu não sei o nome”, escreveu na legenda.

    Suas postagens são divertidas. Flagrado por um paparazzo com Juliana Paes, escreveu na imagem: “Fomos pegos batendo um papo”. Ao lado de Sophia Abrahão, mandou essa: “Sempre terá o meu amor”. Com a também atriz Giovanna Ewbank escreveu: “Pagou até uma coxinha”. Para a foto com a apresentadora Sabrina Sato: “Quero te ver outra vez, você deixou saudade”. Com Rodrigo Santoro foi lacônico: “Humilde”. Laura Cardoso, para ele, é apenas “Laurinha”. Suely Franco, chama de “Vovó Suely”. Até político, como Marcelo Freixo, entra no seu hall da fama.

    Adauto é popular no Santos Dumont. Alguns faxineiros o chamam pelo nome. E os seguranças gostam do garoto, embora sejam obrigados a retirá-lo do saguão do segundo andar, onde costuma ir para tirar selfies. Para evitar confusão, nessas horas ele esconde as balas na mochila. Funcionária de uma loja, Rafaella Aguiar, de 19 anos, descobriu recentemente que Adauto está no Instagram.

    — Fui postar uma foto que fiz com a Xuxa e descobri por acaso a conta dele. Tem foto com todo mundo, como esse garoto consegue? — indaga, com uma dose de inveja, a também colecionadora de selfies com famosos, embora, nesse quesito, não chegue aos pés de Adauto.

    Às vezes, ele é reconhecido. Em janeiro, estava distraído quando ouviu uma voz grave: “E aí, moleque?”. Era o ator Oscar Magrini. Eles se abraçaram e Adauto não perdeu a oportunidade de mais um clique. Com Preta Gil já foram três. Com Fernanda Lima, dois.
    — Fernanda disse que me levará para o programa dela — conta.

    Não são poucos os que, como Adauto, aproveitam o vaivém de celebridades para guardar uma recordação. A diferença é que ele faz isso com maestria. Qual o segredo, além de uma “esperteza que só tem quem está cansado de apanhar”, como cantam Os Paralamas do Sucesso?

    — É um menino gentil, pediu a foto de uma maneira muito delicada — afirma o ator João Vicente de Castro. — Para você vender bala no Santos Dumont, com a desigualdade batendo na sua cara o tempo todo, precisa ser uma pessoa admirável e de grande caráter.

    EM BUSCA DE SEGUIDORES

    Ao voltar para casa, Adauto caminha quatro quilômetros do aeroporto até a Central do Brasil, onde pega um trem para Vigário Geral. Como não tem nada em casa, onde mora desde janeiro, ele consegue o jantar com a mãe, que vive no mesmo bairro, um dos piores IDHs da cidade. Foi ela quem ajudou o filho a arrumar uma vaga no Bob’s do Via Parque, onde o rapaz trabalha desde o início do ano fazendo milk-shake. O primeiro salário está para sair e, com o dinheiro, pagará o aluguel e o conserto do celular.

    Mesmo empregado, Adauto não deixa de vender balas no aeroporto. Sua meta agora é ter mais gente acompanhando suas postagens: até sábado, ele somava 135 seguidores.

    — Um dia, todos vão saber quem é o @AdautoMiguel22 — garante.

    O GLOBO, 20 DE FEVEREIRO DE 2017


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