Temer: o não dito
"Temer também deixou de citar a estabilidade fiscal como meta de governo. Passou batido pelo tema que teria dado argumentos técnico e jurídico ao processo de impedimento de Dilma Rousseff. Não foram as pedaladas fiscais e seus danos às contas públicas ponto central da petição assinada pelos juristas Hélio Bicudo, Miguel Reale Jr. e Janaína Paschoal? Faria sentido, então, que o virtual sucessor da presidente se comprometesse com a austeridade na gestão orçamentária. Em vez disso, o vice sinalizou para governadores afogados em crises financeiras a renegociação das dívidas com a União: “Há estudos referentes à eventual anistia e revisão dos juros sobre a dívida das partes federadas. Nós vamos levar isso adiante”.
"Se presidente for, o vice prometeu manter Bolsa Família, Pronatec, ProUni e Fies. Nada disse sobre Minha Casa, Minha Vida, programa habitacional do governo do qual é o primeiro na linha sucessória há seis anos. Tampouco sobre territórios indígenas. Não tratou do sistema de cotas em universidades ou concursos públicos. Não reservou uma palavra à agenda de direitos civis de negros, mulheres, LGBTs. Temer, em seu discurso, ignorou reivindicações caras à sociedade civil organizada, historicamente identificado com a agenda petista. São omissões que podem tanto significar mera desatenção, como também esconder a aproximação de um futuro governo com os setores mais conservadores do Congresso Nacional. O não dito preocupa."
mais na coluna de FLÁVIA OLIVEIRA