A polarização não hesitou em fazer de uma doméstica o ícone de uma disputa política
"De
um lado, ficaram os que viram na cena do casal com os filhos e a
empregada doméstica a representação recorrente, até no branco do
uniforme, desde que o Brasil é Brasil. Basta lembrar das gravuras de
Jean-Baptiste Debret com senhores e mucamas do século XIX. Daí surgiu a
profusão de comentários, provocações e memes buscando associar os atos
de domingo à tentativa de retorno (ou manutenção) de status quo pelas
elites e retirar do movimento a intrigante complexidade exibida nas
ruas.
No lado oposto, ficou o bunker dos empregadores
de bem, liderado por Claudio Pracownik, o patrão fotografado e, horas
depois, identificado como vice-presidente de Finanças do Flamengo. Ele
próprio reagiu às críticas e ironias com texto, numa rede social, em que
explicitava posições políticas e alardeava a carteira assinada da babá e
as contribuições trabalhistas em dia. De quebra, permitiu-se a
grosseria de afirmar que a empregada — até ali, completamente fora do
debate da qual era pivô — estava “livre para pedir demissão, se achar
que prefere outra ocupação ou empregador”."
leia a coluna de FLÁVIA OLIVEIRA