Cabelo loiro não pode!

"Em recentes conversas com jovens de algumas comunidades da periferia do Rio de Janeiro, ao perguntarmos sobre sua percepção da violência em seu entorno, a resposta imediata era de que havia pouca violência. Entretanto, numa pergunta posterior as respostas foram intrigantes: “Aqui pode tudo, só não pode pintar o cabelo de loiro, o pessoal que trabalha tomando conta não deixa.” E uma outra: “Teve um dia em que apareceu um corpo de um moleque todo cortado ali no campinho de futebol, mas isso faz tempo, e o cara tinha aprontado”. A ideia de violência estava totalmente descolada dos acontecimentos que descreviam e ligada à presença ou ausência de tiroteios e furtos. Ao mesmo tempo, numa outra ponta, não é preciso abordar ninguém numa pesquisa com rigor teórico ou em entrevistas documentais para escutar narrativas de senso comum de quem frequenta regiões nobres sobre o tema. Basta acompanhar as redes sociais que flagramos depoimentos carregados de certeza dizendo que o Rio está muito violento com flechas apontadas para culpados decretados: “São esses moleques que não querem nada da vida, sabem muito bem o caminho certo mas não querem”.
Essas duas pontas da mesma questão são pistas para a compreensão de como estamos elegendo a juventude pobre como o perigo da vida urbana"
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