Um desastre humanitário na Europa
O êxodo bíblico de centenas de milhares de migrantes representa o evento mais grave depois da Segunda Guerra Mundial
"Dois episódios particularmente trágicos deram um atroz solavanco na Europa inteira. Entre 27 e 28 de agosto morreram no mar líbio, por sufocamento, 52 migrantes, massacrados pelas pancadas dos traficantes e obrigados a se amontoar no porão do barco pelo fato de serem negros. Na Áustria, foram encontradas outras 71 vítimas asfixiadas em um caminhão frigorífico de nacionalidade eslovaca, abandonado por um motorista criminoso numa rodovia , nas proximidades da fronteira com a Hungria. A brutalidade dos episódios marcou provavelmente um ponto de não retorno, sobretudo no posicionamento da Alemanha, país central para qualquer processo político continental.
Liderado agora pela Alemanha, o grupo de países que, enfim, estão dispostos a enfrentar com visão clarividente a questão migratória e, numa ótica unitária europeia, a multiplicar os esforços materiais, é seguramente majoritário no continente. Os verdadeiros inimigos são todos os movimentos xenófobos e racistas de direita e ultradireita, mas os adversários se encontram também entre as fileiras dos governantes húngaros, tchecos, eslovacos e, surpreendentemente, poloneses. Muita impressão suscitou recentemente a odiosa prática da polícia da República Tcheca que, para cadastrar os refugiados a caminho da Alemanha, riscou nos braços deles, com marcador indelével, o número do vagão e do trem em que iriam viajar."
mais na reportagem de Claudio Bernabucci
Um desastre humanitário na Europa — CartaCapital: Claudio Bernabucci
foto: Nilufer Demir