Charb
De Fernando Vasqs
Os caras da Carta Maior não leram ou fingiram que não leram esse texto do Charb publicado no DCM
Em 2013, Stephane Charbonnier, o Charb, falou das acusações de racismo. Charb foi um dos chacinados:
“O Charlie Hebdo está se sentindo decididamente doente. Porque uma mentira inacreditável está sendo dita: o Charlie Hebdo tornou-se um panfleto racista.
Estamos quase com vergonha de lembrar que o anti-racismo e uma paixão pela igualdade entre todas as pessoas são e continuam a ser os princípios fundadores do Charlie Hebdo.
(…)
Charlie Hebdo é filho de maio de 68, do espírito de liberdade e insolência. O Charlie Hebdo da década de 1970 ajudou a formar o espírito crítico de uma geração. Zombando dos poderes e dos poderosos. Por rir, às vezes escandalosamente, dos males do mundo. E sempre, sempre, sempre defendendo os valores universais do indivíduo.
Por que essa idéia ridícula se espalha como uma doença contagiosa? Somos islamofóbicos, afirmam aqueles que nos difamam. O que significa, em sua própria novilíngua, que somos racistas.
Quarenta anos atrás, era considerado obrigatório zombar da religião. Qualquer um que começou a perceber para onde o mundo estava indo não poderia deixar de criticar o grande poder dos maiores organismos clericais. Mas de acordo com algumas pessoas, na verdade, mais e mais pessoas, atualmente você tem que calar a boca.
O Charlie ainda dedica muitas de suas capas a ilustrações papistas. Mas a religião muçulmana, imposta a inúmeras pessoas em todo o planeta, deve ser de alguma forma poupada.
Por que diabos? Qual é a relação, a menos que seja apenas ideológica, entre o fato de ser árabe, por exemplo, e pertencer ao Islã? (…)
Nós nos recusamos a fugir de nossas responsabilidades. Mesmo que isso não seja tão fácil como em 1970, nós vamos continuar a rir dos padres, dos rabinos e dos imãs – quer isso os agrade ou não. Somos minoria nisso? Talvez, mas ainda assim estamos orgulhosos. E aqueles que pensam que o Charlie é racista deveriam, pelo menos, ter a coragem de dizer isso em alto e bom som. Nós saberemos como responder a eles.”