Com festas badaladas e novos moradores, Ilha de Paquetá é redescoberta por cariocas e turistas

"É certo que a velha Paquetá ainda está lá: as charretes, as bicicletas, o chão de terra, o trenzinho, o baobá na beira da Praia dos Tamoios, os pescadores, as canoas dos pescadores, as serestas, as amendoeiras, os pedregulhos na água, o pedalinho, os bebuns, a vida sem carros, o tempo que não passa, o cheiro de bosta de cavalo, a Pedra da Moreninha, a molecada com boia de pneu, os flamboyants, as casas de muro baixo e as águas poluídas. Ou nem tanto.
A agenda cheia virou pelo avesso o cotidiano da ilha e seus 4.500 moradores. No último carnaval, com a participação do coletivo Pérola da Guanabara, teve baile na rua e a presença de 12 blocos, numa farra que começava ainda dentro das barcas. É como se carregassem as ladeiras de Santa Teresa para dentro do mar. Na festa junina, tocada pelo mesmo pessoal, o bairro recebeu, segundo informação da concessionária das barcas, outras quatro mil pessoas. Encheu. A “invasão” tem espalhado entre os cariocas a ideia de que ali é um bom lugar para se divertir.
— Qualquer um que chega, logo que sai da barca, fica encantado. Parece que você fez uma viagem no tempo — explica Violeta Reis, organizadora dos eventos e filha do ex-jogador Afonsinho, médico que mora e dá expediente na ilha.
— A gente investe mais no patrimônio intangível, na memória afetiva, para reinventar Paquetá — conta Lavrador, que quando criança passou muitos verões na ilha. — Cada vez mais há a necessidade de firmar um turismo mais lúdico e mais consistente. O turista que passa um dia e vai embora não estimula a criação de eventos culturais. Queremos quem fique mais."
veja a reportagem de Renato Lemos
Com festas badaladas e novos moradores, Ilha de Paquetá é redescoberta por cariocas e turistas - Jornal O Globo

fotos Guito Moraes