Sistema político do futebol - Francisco Bosco
" Felipão se aferrou com todas as forças à tese da pane de seis minutos. Considerou que o time começou melhor o jogo e poderia ter feito muitos gols no segundo tempo. Não os fez por acaso, coisas do futebol. Parreira reforçava o coro, cujo sentido geral era o de destacar a goleada como um ponto fora da curva, num trabalho de resto muito bem feito. Ao mesmo tempo, chegavam notícias de que os mandatários da CBF — que, claro, não se julgaram no dever de se pronunciarem publicamente — cogitavam manter Felipão no cargo, após a campanha sofrível e a derrota histórica. Agora pense bem, leitor. Falsificação da realidade, negação das evidências, blindagem, radical afastamento entre os donos do poder e as aspirações sociais: isso soa familiar?
Sim. E a semelhança não é mera coincidência. A CBF — junto à comissão técnica que designou, e que se mostrou tão identificada a ela neste último ano e meio (lembro sempre dos afagos trocados entre Marin e Felipão nas coletivas) — é a versão “privada” e esportiva do sistema político brasileiro. Assim como ele, trata-se de uma instituição que, gerindo um bem público, age no sentido primordial de garantir sua perpetuação no poder. "leia a coluna de
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Sistema político do futebol - Jornal O Globo
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